Tribunal desse país diz que a sua mulher Irene Neto e o seu filho Ivo tem mais de 15 milhões em contas no país que também foram congeladas. Fortuna de São Vicente ascendia a mais de 1.500 milhões de dólares só em dinheiro
WASHINGTON —
O empresário angolano Carlos São Vicente que cumpre uma pena de prisão em Angola por peculato, fraude fiscal e branqueamento de capitais possuía em Singapura uma conta bancária com 558 milhões de dólares americanos que se encontram congelados pelas autoridades deste país.
A revelação foi feita num tribunal de Singapura que ouviu um pedido de Carlos São Vicente para que fossem “descongelados” 2,6 milhões de dólares dessa conta o que foi recusado, noticiou o jornal The Strait Times desse país.
O jornal disse que a conta foi congelada em Fevereiro de 2021 pelo Departamento de Assuntos Comerciais de Cimgapura que na altura congelou uma outra conta de sua mulher, Irene com mais de cinco milhões de dólares e outra do seu filho Ivo contendo 10,5 milhões de dólares.
Se se tiver em conta outros 900 milhões que estavam depositados na Suíça a fortuna monetária do empresário ascendia aquando da sua prisão a mais de 1.500 milhões de dólares
O Strait Times disse que ao pedir o descongelamantto de 2,6 milhões de dólares, São Vicente, através de uma firma local de advogados tinha afirmado necessitar do dinheiro para pagar despesas jurídicas em Singapura, Suíça e Angola e para pagar por “representações feitas a várias organizações internacionais”.
Contudo o juiz Vincent Hoong negou quarta-feria o pedido afirmando ser difícil avaliar o tamanho da riqueza de São Vicente, devido “às numerosas transferências através de diferentes jurisdições de grandes quantidades de dinheiro entre as suas contas bancárias e (devido) à natureza internacional dos seus bens”.
O juiz, segundo disse aquele diário, deu como exemplo o facto de São Vicente possuir mais de 18 milhões de Euros numa conta pessoal na Grã Bretanha que “não tinha sido revelada ou explicada”.
O juiz disse que devido a isso não podia aceitar que o empresário não seja capaz de ter acesso a fundos “que representam menos de uma fracção de percentagem da sua riqueza de acordo com as suas próprias declarações”.
O juiz disse ainda, segundo Strait Times, haver “provas suficientes de que membros da família de São Vicente têm acesso a fundos que seriam mais do que suficiente para cobrir as suas despesas jurídicas ”.
Fundos na Suíça
Em Setembro do ano passado, já depois de ter sido condenado a prisão, o Supremo Tribunal da Suíça recusou cooperar com Angola na recuperação dos milhões de dólares ali depositados por Carlos São Vicente afirmando haver dúvidas sobre a imparcialidade e independência das autoridades judiciais angolanas.
Na altura a advogada Clara Poglia disse que face à decisão do Supremo Tribunal, a Suíça não iria cooperar com as autoridades angolanas em qualquer aspecto relacionado com o caso, incluindo a recuperação de activos.
Ela não especificou os valores desses bens, mas inicialmente foram congelados cerca de 900 milhões de dólares na Suíça.
Posteriormente um tribunal ordenou o “descongelamento” de cerca de 260 milhões de dólares e os advogados tinham pedido o mesmo para o restante montante que em princípio as autoridades angolanas poderiam reivindicar.’
Na Suíça Carlos São Vicente teria aberto contas em nome de familiares como filhos, irmãs e sobrinhos e uma conta em nome da sua mulher, algo a que o juiz de Cingapura fez referência ao afirmar que São Vicente poderia pedir ajuda da sua família porque “esses bens foram prendas dadas por ele próprio”.
‘Há boas razões para eles serem inclinados a fornecerem-lhe fundos”, disse o juiz ao recusar o pedido de descongelamento pedido.
As autoridades suíças disseram na altura que São Vicente tinha pedido transferência da sua conta pessoal “alimentada principalmente por transferências provenientes da AAA Seguros” para uma conta privada em Singapura”, algo agora confirmado portanto pelo tribunal deste país
O empresário Carlos Vicente foi detido a 22 de Setembro de 2020 depois de ter sido constituído arguido por suspeita de crimes de peculato e branqueamento de capitais.
As autoridades angolanas apreenderam vários imóveis do empresário, antigo presidente da companhia seguradra AAA, entre eles o edifício Adli e Thyke Hotel (Tower) em Luanda.
O Serviço Nacional de Recuperação de Ativos da PGR acrescentou na altura que também foram colocados sob control do Cofre Nacional de Justiça, como fiel depositário, um imóvel adjacente ao terminal da transportadora rodoviária Macon e vários edifícios situados no condomínio Sodimo, na Praia do Bispo.
Na altura da sua prisão as angolanas congelaram também contas bancárias da sua mulher Irene Neto, filha do primeiro presidente angolano Agostinho Neto.