Líder do Movimento dos Estudantes Angolanos foi detido na tarde deste sábado após autoridades terem impedido a manifestação sobre o regresso às aulas nas universidades públicas. Professores angolanos continuam em greve.
A detenção do estudante aconteceu enquanto a JMPLA, braço juvenil do partido no poder, realizava a sua marcha em comemoração aos 21 anos de paz e reconciliação nacional. Para este sábado estavam agendadas duas marchas.
A JMPLA com apoio de algumas igrejas cristãs e vários outros cidadãos, caminhou do Cemitério da Santana até ao Largo da Família, no 1 de Maio, em Luanda com a asseguramento da Polícia.
Os estudantes que pretendiam exigir o regresso às aulas e ensino de qualidade nas universidades angolanas escolheram a rota Largo das Heróinas-Largo da Independência.
Entretanto, o local da concentração estava cercado pela polícia que impediu a presença dos estudantes.
“Sabotagem”
Em declarações à DW África, Arminda Milena acusa a polícia de “sabotar” o exercício de cidadania, que visava exigir o direito às aulas nas universidades.
“Cumprimos com todos os requisitos e avisamos as instituições. [Mas] eles privaram a carta. O Governo Provincial não deu entrada da carta ao comando da polícia e essa também diz que não recebeu a carta do MEA. Eles alegam que não receberam nenhuma carta. Se não receberam a carta, porque razão ligaram para reunirmos?”, questionou.
Milena diz que que as autoridades angolanas escolheram “a dedo” quem pudesse realizar marcha em Luanda. Neste caso, a estudante diz que a JMPLA foi favorecida.
“É vergonhoso”
“É vergonhoso porque o MEA marcou primeiro a marcha, a JMPLA veio a seguir. Na última sexta-feira (14.04), a polícia deixou claro que iriam prender se insistíssemos com a marcha. Eles só praticaram o que eles planearam”, explicou.
“Como o nosso presidente, Francisco Teixeira, é conhecido, praticamente tiveram a facilidade de o prenderem”
Os estudantes afirmam que não haveria nenhum constrangimento se as duas marchas fossem realizadas neste sábado.
Entretanto, Francisco Teixeira e os outros cinco estudantes já estão em liberdade.
A DW procurou ouvir polícia, mas não teve nenhuma reação.
A porta-voz do MEA afirma que prevê manifestações para os próximos sábados.
“Essas detenções não vão nos intimidar, vamos continuar a manifestar. Essa foi a primeira. Reprimiram, mas não tem problema. Vamos realizar outra no próximo sábado. Agora, vamos ver se a JMPLA passará a realizar marcha todos os sábados”, desabafam.
Greve
Em Angola, os estudantes universitários estão sem aulas há dois meses devido àgreve iniciada a 27 de fevereiro pelo Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES), que inquieta a comunidade estudantil.
Este é o pano do fundo das manifestações convocada pelo MEA, a organização da sociedade civil que defende os direitos da classe estudantil.
Já a “marcha da juventude de apoio à paz” promovida pelo braço juvenil do MPLA, decorreu em todo país. Em mensagem aos jovens, o secretário-geral da JMPLA descreveu o ato como sendo o “comprometimento da juventude em preservar a paz”.
Crispiniano dos Santos apelou à juventude a apoiar o Presidente angolano, João Lourenço.
“A juventude angolana deve estar comprometida consigo mesmo, com Angola e com os angolanos. Deve apoiar o nosso Presidente da República com ações práticas e propostas concretas”, disseram.
“O nosso Presidente tem dado prova clara na manutenção da paz, e tem sido líder incansável e patriota, que se revela o mais preocupado os problemas do povo em geral, e em particular o problemas da juventude”, argumentaram.
Um jovem que fala em nome da “Juventude Estudantil” no ato político da JMPLA, Antoniel António felicitou o executivo pelo que considera melhoria no sistema de ensino.
“Apelamos o executivo a investir fortemente no setor da educação e ensino, na formação integral dos jovens angolanos”.
Por Borralho Ndomba