Angola vai enviar uma unidade do Contingente de Apoio às Operações de Manutenção de Paz das Forças Armadas à República Democrática do Congo, após o colapso do cessar-fogo negociado entre rebeldes e tropas governamentais.
O leste da República Democrática do Congo (RDC) tem estado debaixo de fogo desde finais de 2021 e registou um aumento da violência, com o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) a conquistar territórios na região.
Angola tem desempenhado o papel de mediador no conflito entre o M23 e o exército congolês, mas o último cessar-fogo alcançado, e que deveria entrar em vigor na terça-feira (07.03), fracassou.
O cessar-fogo foi declarado várias vezes desde a reativação do M23 em novembro de 2021, sem nunca até agora ter sido honrado, os combates foram escalando, e as tensões entre a RDCongo e o Ruanda, a quem Kinshasa acusa de apoiar o movimento rebelde, foram ganhando o palco regional e depois mundial.
Este sábado (11.03), a Presidência da República angolana anunciou que “uma unidade do Contingente de Apoio às Operações de Manutenção de Paz das Forças Armadas Angolanas” à RDC.
“O principal objetivo desta unidade é assegurar as áreas de acantonamento dos elementos do M23 e proteger os integrantes do Mecanismo ‘Ad Hoc’ de Verificação”, membros de uma equipe encarregada de monitorar o cumprimento do cessar-fogo, informou a Presidência em comunicado.
Ainda segundo o mesmo documento, a decisão foi tomada após consultas com as autoridades de Kinshasa, acrescentando que outros líderes regionais, bem como as Nações Unidas, a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) foram informados.
À margem da Lei sobre o envio de Contingentes Militares e Forças militarizadas Angolanas ao Exterior do País, a implementação passará pela aprovação do parlamento.
Em visita a Kinshasa, na semanada passada, o Presidente francês, Emmanuel Macron, não condenou claramente Ruanda, mas emitiu advertências e pediu o fim dessa “agressão injusta e bárbara”
Segundo dados da ONU, o conflito entre o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) e o exército congolês no nordeste da República Democrática do Congo provocou a deslocação de 800.000 pessoas no último ano.
Por cm/AFP/Lusa