O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, reconheceu nesta quarta-feira (14) que houve “passos muito discretos” na cooperação com os Estados Unidos, principalmente no âmbito migratório, apesar da persistência do embargo contra a ilha.
“Demos passos muito discretos dirigidos a encaminhar a cooperação bilateral para o cumprimento dos acordos migratórios, e também em outras áreas prioritárias para os dois países”, disse Díaz-Canel, ao apresentar o relatório de seu mandato à Assembleia Nacional do Poder Popular.
O presidente assinalou, no entanto, que “a característica fundamental e definidora da relação bilateral continua sendo o bloqueio econômico” que Washington impõe a Cuba há seis décadas.
Autoridades dos dois países recomeçaram neste ano as conversas migratórias, em meio a um êxodo de cubanos que preocupa Washington e Havana.
Os Estados Unidos retomaram em maio, de forma gradual, a atividade consular em Havana, e prometeram voltar no começo de 2023 com a tramitação total dos vistos para imigrantes, suspensa em 2017, durante o governo de Donald Trump.
O presidente cubano reconheceu a assistência técnica prestada pelos Estados Unidos em agosto, durante o incêndio na base de Matanzas, e os 2 milhões de dólares de ajuda oferecidos para cobrir os prejuízos causados pelo furacão Ian, que atingiu Cuba em setembro: “Essa ajuda foi oferecida sem impor condições”.
Apesar dessa melhora, Díaz-Canel acusou Washington de promover uma “política aberta de subversão” e “tentativas de desestabilizar” seu país. O governo Biden manteve as 243 medidas adotadas por Trump em sua política de “pressão máxima” em relação à ilha.
“O governo Biden foi o que puniu Cuba com mais agressividade e eficácia na história”, afirmou o vice-chanceler e responsável pelas relações com Washington, Carlos Fernández de Cossío, durante um encontro acadêmico.
Díaz-Canel, cujo mandato termina no ano que vem, quando ele deve ser reeleito ou substituído pelo Parlamento, prestou contas ao Legislativo.
Ele reconheceu que 2022 “foi um ano claramente complicado”, devido ao bloqueio dos Estados Unidos, à crise internacional e “aos nossos próprios erros e falta de habilidade”, disse.
AFP