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Terça-feira, Novembro 26, 2024

Rússia ilibada de ataque intencional à Polónia mas responsabilizada pelo míssil

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Os dados preliminares da investigação à queda de um míssil em Przewodów, Polónia, junto à fronteira com a Ucrânia, que matou duas pessoas, sugerem ter-se tratado de um projétil de fabrico soviético usado pela defesa antiaérea ucraniana, mas a responsabilidade, ainda que indireta, não pode ser retirada à Rússia.

A acusação parte dos Estados Unidos, da União Europeia e da NATO. Os três aliados da Ucrânia perante a invasão militar ordenada pelo Kremlin a 24 de fevereiro concordam com a Polónia na teoria de que este não terá sido um ataque intencional da Rússia contra um dos membros da aliança atlântica, mas não isentam a Rússia, que mantém fortes bombardeamentos há quase nove meses em território ucraniano.

Os dados preliminares sugerem tratar-se de um míssil S-300 de fabrico soviético e que tem estado a ser usado nesta guerra tanto pela defesa da Ucrânia como pela ofensiva da Rússia, mas a investigação ainda preliminar aponta para que o que caiu na Polónia tenha sido um projétil de defesa e não de ataque, como alega o presidente da Ucrânia.

“Não tenho quaisquer dúvidas, pelo relatório que recebi do comando das forças armadas e da força aérea, de que não se tratou de facto de um dos nossos mísseis de defesa, mas sim de um míssil de ataque”, afirmou Volodymyr Zelensky, citado pela agência ucraniana Interfax.

O Presidente ucraniano espera que uma equipa de investigadores da sua confiança possa ter acesso ao local do impacto do míssil, no leste da Polónia, e acompanhar a análise do sucedido.

“É claro que temos o direito de estar incluídos na equipa de investigação”.
-Volodymyr Zelenskyy-
Presidente da Ucrânia

A investigação do caso ainda não está concluída, mas, de acordo com o revelado por Andrzej Duda, o primeiro-ministro polaco, tudo parece indicar ter-se tratado de um míssil da defesa antiaérea da Ucrânia que “infelizmente acabou por cair em território polaco”, afastando para já a teoria de ter-se tratado de um ataque russo deliberado contra um membro da NATO.

Rússia nega responsabilidades
A Rússia negou de pronto quaisquer responsabilidades, assegurou que, pelas imagens dos restos do projétil a que teria tido acesso, tratar-se-ia de um míssil ucraniano e convocou o embaixador polaco para manifestar desagrado pela gestão inicial do caso, onde a Rússia surgia como provável agressora.

Por outro lado, o Kremlin elogiou a reação ponderada dos Estados Unidos, que não embarcou nessas primeiras teorias.

A Casa Branca mantém, no entanto, bem claro que o Kremlin é o responsável indireto da queda do projétil na Polónia devido à enorme vaga de mísseis disparados terça-feira contra a Ucrânia e que motivou uma igual vaga de resposta das defesas antiaéreas ucranianas. Um desses projéteis de defesa acabou por cair na Polónia e matar duas pessoas.

“Não vimos nada que contradiga a avaliação preliminar do presidente da Polónia, de que esta explosão resultou de um míssil de defesa ucraniano que infelizmente aterrou na Polónia. No entanto, sejam quais forem as conclusões, o mundo sabe que é da Rússia a responsabilidade por este incidente”, afirmou Lloyd Austin, o secretário de Defesa dos Estados Unidos.

A União Europeia e a NATO partilham da mesma ideia. “O incidente resultou de uma enorme onda de ataques com mísseis lançada na Ucrânia pela Rússia”, escreveu na rede social Twitter o chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, numa mensagem onde reitera a exigência de que “a Rússia deve parar com a sua guerra ilegal” e manifesta total solidariedade para com a Polónia e a investigação em curso ao incidente em Przewodów.

Por seu lado, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte assegurou que “isto não foi culpa da Ucrânia”.

“A Rússia tem a responsabilidade principal, pois continua a sua guerra ilegal contra a Ucrânia”, afirmou Jens Soltenberg, já depois de ter também dito que o sucedido no território polaco “não se tratou de um ataque intencional”.

A Ucrânia enfrenta uma agressão militar iniciada pelo Kremlin há quase nove meses. Tem resistido a uma invasão que chegou a ameaçar Kiev, mas com alguns ganhos nas últimas semanas, em especial na região Kherson, uma das quatro que o Kremlin proclamou como território russo no final de setembro e que voltou a ter recentemente as bandeiras ucranianas hasteadas.

Já esta quarta-feira à noite, Zelenskyy agradeceu uma resolução da Assembleia-geral das Nações Unidas sobre o respeito pelos direitos humanos na península da Crimeia e apontou já ao fim da invasão russa.

“Esta guerra começou pela Crimeia e vai acabar na Crimeia. A nossa península será libertada assim como todos os territórios ucranianos”.
-Volodymyr Zelenskyy-
PResidnete da Ucrânia

Entretanto, na Polónia, o Parlamento cumpriu esta quarta-feira um minuto de silêncio pelas duas vítimas da explosão, de terça-feira, em Przewodów, a poucos quilómetros da fronteira com a Ucrânia.

O governo polaco reuniu-se de urgência de imediato após a referida explosão provocada pela queda de um míssil. Em cima da mesa esteve a ativação do artigo 4 da carta NATO, que prevê a consulta dos restantes parceiros sobre uma eventual ameaça externa e que é um passo prévio para o indesejável artigo quinto, o da ativação da defesa mútua contra uma efetiva ameaça externa a um dos membros da aliança. O que não se terá verificado, mas que se mantém latente enquanto durar a invasão russa da Ucrânia.

AFP AP, Guardian, Interfax, Tass

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