A seca no sul de Angola continua a fustigar a população. Na província do Namibe, a população sofre com a fome, a falta de água potável e energia elétrica. Governo diz que está a resolver o problema.
Sem conseguir plantar na sua lavra, Cecília Jamba, uma mãe de seis filhos, já se viu obrigada a vender objetos domésticos para conseguir alimentar as suas crianças.
Cecília vive na província do Namibe, no sul de Angola, onde a seca está a fustigar a população.
“Às vezes, cai chuva em outros lados, mas aqui a fome não acaba”, conta. A situação piora a cada dia que passa. “Se conseguir 150 kwanzas é para comprar um quilo de fubá, senão as crianças dormem com fome.”
Os problemas não param por aí. A população queixa-se da falta de água potável e energia elétrica. Falta quase tudo para garantir as necessidades básicas. “A água aqui é salito, não dá mesmo para beber”, diz Cecília Jamba.
Falta quase tudo
Cecília reside na localidade do Curoca, no município do Tômbwa, onde cerca de duas mil famílias tentam sobreviver à seca. O ancião António Munhila também relata a situação de desespero vivida pela comunidade que, na falta de água potável, passou a consumir água salobra.
“Estamos viver à rasca. Não temos água, a chuva não cai. Agora vamos fazer como? A nossa vida aqui é só para remediar. Estamos a passar mesmo mal. A água para beber e cozinhar está mesmo salobra”, afirmou Munhila, de 72 anos de idade.
O soba Mariano Joaquim diz que, na localidade do Curoca, também faltam serviços básicos de saúde, educação, abastecimento de água potável e fornecimento de energia elétrica. O líder local pede ao Governo uma intervenção urgente.
“O que mais se encontra aqui são pessoas desfavorecidas, que não conseguem fazer nada. O que nós queremos é mesmo o apoio do Governo provincial para resolver a questão da alimentação”, apela.
Governo promete respostas
Em resposta às queixas da comunidade, o administrador do município Tômbwa, Abelardo Lemba, garante que já há prazos para resolver alguns dos problemas, mas não avança nenhuma data para tal.
“Criámos grupos de trabalho no sentido de apresentarem medidas concretas, para atenuar a situação. Naturalmente, temos que resolver os problemas das pessoas do Curoca”, disse o administrador.
Em setembro, durante a tomada de posse, o Presidente de Angola, João Lourenço, prometeu “dar continuidade e concluir” canais e barragens no âmbito da luta contra os efeitos da seca no sul de Angola. A população continua à espera da construção de uma barragem de retenção sobre o rio Curoca.
Estima-se que a seca esteja a afetar mais de dois milhões de pessoas no sul de Angola.
DW