O Partido Comunista Chinês respaldou neste sábado (22) o “papel central” do presidente Xi Jinping, no encerramento de um congresso de sete dias que deve levar a sua reeleição para um inédito terceiro mandato no comando da formação e do país.
Os quase 97 milhões de integrantes do partido devem “defender o papel central do camarada Xi Jinping no Comitê Central do Partido e no Partido em seu conjunto” afirma uma resolução aprovada de forma unânime no último dia do congresso em Pequim.
Em um discurso, Xi Jinping afirmou que o Partido Comunista deve “sofrer” e “vencer” para “seguir avançando”.
“Ousem lutar, ousem vencer, abaixem a cabeça e trabalhem duro, estejam determinados a seguir avançando”, afirmou com ar triunfal diante dos quase 2.300 delegados reunidos no Grande Salão do Povo na capital chinesa.
No domingo, Xi Jinping deve ser reeleito como secretário-geral do PCC após a primeira reunião do renovado Comitê Central.
A nomeação será o prelúdio de um inédito terceiro mandato para Xi como presidente chinês durante a reunião anual da Assembleia Popular Nacional, que acontecerá em março.
O 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês desde sua criação em 1921 aconteceu em um momento delicado para o gigante asiático, que enfrenta uma desaceleração econômica provocada pelos repetidos confinamentos anticovid e por tensões diplomáticas com o Ocidente.
Durante uma semana, os mais de 2.000 delegados selecionados entre os diversos organismos do partido se reuniram a portas fechadas em Pequim para remodelar a cúpula de poder da formação e, em consequência, definir a orientação das futuras políticas do país.
Os delegados escolheram os quase 200 membros do novo Comitê Central, uma espécie de parlamento interno do partido, que teve a nova composição publicada pela agência oficial Xinhua.
Entre os nomes importantes que deixam seus cargos está o primeiro-ministro Li Keqiang.
O número três do governo chinês Li Zhanshu, o vice-primeiro-ministro Han Zheng e Wang Yang, presidente da Conferência Consultiva Política do Povo – uma assembleia sem poder de decisão – também deixam seus cargos.
De acordo com cálculos da AFP, o novo Comitê Central registra uma renovação de 65% em comparação com a lista anterior, de 2017.
– Fim da “transição” –
Em uma cena incomum nestas reuniões tão ensaiadas, o ex-presidente Hu Jintao (2003-2013) foi retirado escoltado do Grande Salão do Povo antes do fim do congresso.
Visivelmente contrariado, o político de 79 anos foi convidado por funcionários do partido a deixar sua cadeira na primeira fila ao lado de Xi Jinping. A cena não foi explicada até o momento pela imprensa estatal.
Para permanecer no poder, Xi, 69 anos, conseguiu suprimir em 2018 o limite constitucional de dois mandatos e pode, em tese, presidir a República Popular da China até o fim de sua vida.
“Este terceiro mandato acabará com três décadas de transição (supervisionada) do poder na China”, afirmou Neil Thomas, analista da consultoria de risco político Eurasia Group.
Analistas e a imprensa especulam sobre o desejo de Xi de rebatizar seu cargo como “presidente do partido”, título que era usado pelo fundador da China comunista, Mao Tsé-Tung (1949-1976).
– Profunda reforma do partido –
O congresso deve levar a uma profunda remodelação do Comitê Permanente do Politburo, órgão atualmente com sete membros e que é a principal instância do poder na China. A sua composição também será conhecida no domingo.
De acordo com a tradição, os integrantes do Comitê Permanente serão anunciados por ordem de importância, com o primeiro lugar reservado ao secretário-geral.
O segundo ou o terceiro na ordem deve ser o sucessor de Li Keqiang como primeiro-ministro a partir de março.
Para assumir o cargo são citados nomes como Hu Chunhua, atual vice-primeiro-ministro, ou Li Qiang, líder do partido em Xangai, apesar da caótica gestão do confinamento prolongado por um surto de covid há alguns meses.