A ONG de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch apelou hoje a sanções e a um embargo sobre as armas perante o risco acrescido de exacções contra os civis, no âmbito da ofensiva conjunta das forças governamentais da Etiopia e da Eritreia no Tigray, região separatista do norte do país, palco de uma operação militar de Addis Abeba desde Novembro de 2020.
Numa altura em que conflito no Tigray não dá sinais de abrandar, Addis Abeba tendo reivindicado ontem ter tomado o controlo juntamente com as tropas da Eritreia de 3 localidades da região nortenha, Shire, uma cidade de 100 mil habitantes, Alamata, com 70 mil, bem como Korem, com 35 mil residentes, aumenta a preocupação a nível internacional. Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou que a situação no Tigray “está a tornar-se incontrolável”.
Uma constatação que do ponto de vista da Human Right Watch “obriga ainda mais o Conselho de Segurança a ocupar-se da situação”. Num comunicado emitido hoje, a ONG apelou os Estados Unidos, a União Europeia e a ONU a tomar medidas apropriadas,”nomeadamente sanções nominativas e o estabelecimento de um embargo às armas”.
Neste sentido, a Human Rights Watch recordou que “as informações provenientes de uma região que está em grande parte isolada do mundo há mais de um ano são aterradoras. Os ataques causaram inúmeras vítimas civis, incluindo trabalhadores humanitários”, a ONG evocando o importante número de deslocados provocado pelo conflito, bem como as atrocidades já cometidas no passado pelas forças etíopes e eritreias no Tigray que “fazem recear novos assassinatos e outros abusos (…) contra civis em Shire e noutros lugares”.
No mesmo sentido, nesta terça-feira, a ONU deu conta de “movimentos maciços da população nas imediações de Shire”, o que “agrava uma situação humanitária já dramática” e “representa um risco adicional de violência contra civis”.
Embora seja impossível saber ao certo quantas vítimas terá havido no conflito do Tigray dado o isolamento da região, as Nações Unidas estimam que a violência provocou mais de 2,5 milhões de deslocados.