O Sudão continua a ser dirigido por militares, não obstante a suposta abertura demonstrada nos últimos dias em voltar a deixar o poder a civis. A repressão tem vindo a ser constante quanto à exigência da devolução quanto antes do poder aos civis.
O Sudão é um país que se move lentamente e parece estar eternamente inacabado.
A primavera árabe tentou romper aqui apenas em 2019 mas, como no resto do mundo árabe, para já falhou… Mas não completamente… Os Sudaneses têm actualmente um pouco mais liberdade do que tiveram durante a ditadura islamita de 26 anos de Omar al-Bashir, mas infelizmente não há mais razões para contentamento nas ruas poeirentas e decadentes de Cartum.
A conjuntura política do Sudão não se resume apenas a uma disputa entre as forças armadas e a sociedade civil. Desde e queda de Bashir, as RSF, uma milícia constituída maioritariamente por Janjaweed que aterrorizaram o Darfour com genocídio, violações e outros crimes de guerra, está a também a contestar o poder.
É neste estado de equilíbrio frágil e perigoso, que não permite a implementação de qualquer política de desenvolvimento séria e sólida, que o Sudão se encontra. Com uma inflação rompante, uma moeda ridiculamente desvalorizada, uma seca extrema que pode levar em breve à fome, sem infra-estrutura básica mesmo em Cartum, o Sudão não parece estar para já à beira de dias melhores.