Os Presidentes da Renamo, Ossufo Momade, e do MDM, Lutero Simango, respectivamente, dizem que só uma coligação dos partidos da oposição pode tirar a Frelimo do poder, e analistas aplaudem a ideia, mas consideram que o maior problema da oposição moçambicana é a fraca liderança.
Momade e Simango foram citados pela comunicação social em Quelimane, na Zambézia, centro de Moçambique, como tendo manifestado interesse numa coligação para derrotar a Frelimo nas eleições gerais de 2024.
O líder da Renamo disse que “Moçambique nunca teve alternância e nós estamos a fazer este acompanhamento para que cheguemos a esta perspetiva da população”.
Lutero Simango foi citado também como tendo afirmado que não se opõe a uma eventual coligação dos partidos da oposição.
Fraca liderança
Para Borges Nhamirre, pesquisador do Instituto de Estudos de segurança em África e analista político, “esta é uma boa posição para o fortalecimento da oposição, porque assim se juntam os potenciais eleitores de cada partido, mas o maior problema da oposição, neste momento, é a fraca liderança”.
Aquele analista entende que não basta junta dois ou mais partidos, “se eles próprios são fracos e não têm uma melhor proposta para cativar o eleitor, porque uma coisa era unir Afonso Dhlakama e Daviz Simango e a outra bem diferente é unir Ossufo Momade e Lutero Simango”.
“Eu penso que o que a oposição precisa, além dessa eventual coligação, é de uma liderança nova, porque a actual provou não ter essa visão. Nós ficamos aproximadamente todo este mandato com um Ossufo Momade que não apresentou nenhuma ideia que conseguisse mobilizar os moçambicanos para apoiarem cada vez mais a Renamo”, realçou Nhamirre.
Por seu turno, o jornalista e analista político, Laurindos Macuácua, diz que a ideia de coligação é boa, mas, ao mesmo tempo, traduz a fraqueza da Renamo, “porque este partido é maduro ou devia ser maduro; esses partidos com os quais pretende coligar-se, não têm expressão; não estou a ver o MDM a coligar-se com a Renamo”.
Clareza da oposição
“A Renamo quer coligar-se com partidos extra-parlamentares que só aparecem nas vésperas das eleições, e esses partidos não têm qualquer base de apoio, e o que a Renamo nos quer dizer é que deixou de fazer o seu trabalho político durante o intervalo entre as eleições, por isso abre espaço para coligação”, afirmou aquele analista.
Entretanto, Dércio Rodrigues, porta-voz da Nova Democracia, diz que o seu Partido vê com bons olhos uma possível coligação, sublinhando, no entanto, ser necessário que haja uma clareza quanto à materialização dos objectivos da oposição.
“A Nova Democracia entende que o objectivo central é nos libertarmos dos libertadores deste país, sendo por isso que nós vemos com bons olhos a natureza de uma coligação, porque isso vai fortificar a oposição”, realçou.