Dezenas de enfermeiros dirigiram-se ao Gabinete Provincial de Saúde de Benguela, em Angola, nesta segunda-feira, 19, no segundo dia de manifestações contra o que chamam de burla no processo de admissão de funcionários.
Pelo menos 200 enfermeiros, travados pela Polícia Nacional na última semana, estão excluídos dos exames de acesso ao Ministério da Saúde (MINSA), a partir da próxima sexta-feira, após terem feito a entrega de documentos que custaram cerca de 30 mil kwanzas, acima de 50 dólares norte-americanos.
Jovens recém-formados, exibindo carteiras profissionais emitidas pela Ordem dos Enfermeiros, certificados de habilitações e outros documentos, criticaram o procedimento do Gabinete de Saúde e exigiam o dinheiro aplicado nas inscrições.
“Esses trabalham mal, queremos o nosso dinheiro, queremos os nossos direitos”, era um grito que ouvia dos manifestantes.
A VOA presenciou hoje gritaria à beira dos portões, com seguranças atentos ao desenrolar dos acontecimentos, 72 horas após a primeira manifestação.
“Os nossos nomes não estão incluídos, os documentos estão aí dentro, o que vamos fazer?”, questiona Manuel Pinho, 32 anos, acrescentando que “somos muitos nestas condições”.
Elsa Mendes assinala que “a prova é já dia 23, não temos turmas nem nada”, ao passo que Emília, 42 anos, refere que “já somos mais velhos, não vemos hora de trabalhar, isso é burla e roubo”.
O director do Gabinete Provincial de Saúde, António Manuel Cabinda, diz que a reacção viria da área de Recursos Humanos, mas a responsável, que também seguia as reivindicações, alegou não ter tempo para prestar declarações.
Abordado a propósito, o jurista Chipilica Eduardo considera que esta situação é passível de uma providência cautelar para anular os exames, para os quais estão preparados inúmeros jovens.
“Devem accionar o Ministério Público no sentido de aferir a legalidade ou a ilegalidade do acto que os afasta do concurso. Isto porque entendem eles que têm todos os requisitos, até tiveram despesas, ou mesmo podem avançar com providência cautelar para anular a prova até ser resolvido o problema”, sugere o jurista.
Os concursos públicos na Saúde em Angola, como prometeu a ministra Sílvia Lutucuta, são realizados todos os anos.
Em Benguela, um dos chamados grandes projectos, o Hospital Geral da Catumbela, que terá 240 camas, deverá absorver mais de 500 trabalhadores, na sua maioria técnicos de saúde, prevendo-se que esteja pronto dentro de 30 meses.