A comitiva da UNITA, ou melhor, da Frente Patriótica Unida, viajou de Malanje para as Lundas, numa viagem de horas por más estradas. Nas Lundas prestou-se homenagem às vítimas do Cafunfo e Adalberto Costa Júnior voltou aos seus temas de campanha, destacando que não há justiça na terra dos diamantes.
“A mudança não é só tirar o MPLA do poder”, a mudança passa por mudar a forma como se governa, para que o diamantes que saem das Lundas possam beneficiar os povos da Lundas, disse o presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes que, por estes dias, se juntou à comitiva da campanha do número três que quer chegar a número um, Adalberto Costa Júnior, que faz questão de dizer que não é “se a UNITA for poder”, é mesmo “quando a UNITA for poder”.
No Leste, Abel Chivukivuku, o coordenador do projecto PRA-JA Servir Angola, falou do atraso evidentes dos povos das províncias da região, e acusou o actual Presidente de governar a partir do ar condicionado de Luanda e de desconhecer os problemas do povo.
“Quem não sente o sofrimento do povo não pode resolver os problemas do povo”, disse Chivukuvuku, que diz que há um novo colonialismo, o que chama de “colonialismo doméstico”, que acentua as desigualdades entre os angolanos, também por isso, a Frente Patriótica Unida é “uma só equipa de angolanos para angolanos”.
E o “capitão da equipa” é Adalberto Costa Júnior que fez questão de dizer que percorre o país de carro, tem sido assim desde Benguela, passando pela Huíla, Namíbia, Cunene, Huambo ou Bié, e que nesse percurso tem parado muitas vezes para ouvir as populações que têm muita vontade de dialogar com as lideranças do país.
E nessa viagem de campanha, que os levou ao Cafunfo, depois de uma longa viagem que começou às seis da manhã em Malanje e acabou às cinco da tarde no Cafunfo, foi prestada homenagem, com um minuto de silêncio, aos “heróis” do Cafunfo – em 30 de janeiro de 2021, na vila mineira de Cafunfo, um protesto do Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT) terminou em confrontos com a polícia e um número indeterminado de mortos (menos de dez, segundo as autoridades, mais de 20, segundo os partidos da oposição e organizações da sociedade civil) – numa região em que os problemas persistem, “em que há muitos assassinatos, muita violência, muitas injustiças, e são assassinatos, crimes e violência que não são punidos”, disse Adalberto Costa Júnior, para que acrescentar que não se pode construir um país onde não há justiça.
O presidente da UNITA falou de um jovem de 30 anos e de uma mulher de 40 recentemente assassinados sem que haja qualquer tipo de punição para os que perpetraram esses crimes.
Falou ainda dos tempos colonial, quando a Diamang – empresa fundada em 1817 e que operou no país até depois da independência, tendo sido completamente absorvida pela Endiama em 1988 – e quando apesar da notória discriminação havia melhores condições de saúde e outros benefícios da super-estrutura que a Diamang construiu na região.
E é assim nas Lundas com os diamantes e é assim em Cabinda com o petróleo, por isso, o líder da UNITA promete mudar, daí que peça o voto a troco da devolução de mais direitos para os cidadãos.
Dito isto Adalberto voltou aos seus temas de campanha: a alteração da Constituição, a eleição directa do presidente da República e o recorrente tema do ficheiro eleitoral. O presidente da UNITA lembrou que o ministro, que é professor de Direito, ignorou a lei, que a CNE não auditou o ficheiro que o Tribunal Constitucional recebeu e ficou em silêncio, não devolveu para que fosse expurgados os mortos do Ficheiro Informático dos Cidadãos Maiores.