O anúncio recente da ministra moçambicana da Administração Estatal e Função Pública, Ana Comuana, sobre a criação de novos municípios no país antes das eleições autárquicas de 11 de Outubro de 2023 está a gerar desconfiança por parte de alguns partidos políticos da oposição que já manifestaram ser contra essa eventualidade.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força no parlamento, e a Acção do Movimento Unido para Salvação Integral, sem assento parlamentar, classificam a pretensão do Governo de manobra política para distrair a preparação dos partidos para as próximas eleições.
Embora se desconheçam os distritos que serão elevados à categoria de autarquias, aqueles partidos consideram haver pouco tempo para a criação de novos municípios face as eleições do próximo ano, uma vez que os órgãos eleitorais já tomaram posso para preparar o processo.
Americo Yemenle, membro do Conselho Nacional do MDM diz não concordar que sejam criados novos municípios porque “são jogos políticos” no partido no poder.
Por seu lado, Ussene Martins, chefe nacional de formação de quadros Acção do Movimento Unido para Salvação Integral considera que a maior inquietação do partido é como será a organização do processo nesses municípios ainda não anunciados, uma vez que que “nas autarquias existentes no país, o processo de preparação de eleições já está no nível adiantado”.
Ussene questiona “que calendário eleitoral será usado para essas novas autarquias”.
Entretanto, analista político Faque Francisco diz que criar novos municípios agora “vai complicar as estratégias dos partidos da oposição porque eles precisam preparar-se”.
Francisco apoia a criação de novos municípios “como parte do processo de descentralização no país, mas não agora”.
Refira-se que a ministra Ana Comuana não avançou os nomes dos novos municípios , mas garantiu haver condições para tal antes das eleições autárquicas.