As forças russas procuravam esta sexta-feira avançar na região oriental de Donetsk, em direção às cidades de Bakhmut, Kramatorsk e Sloviansk, enquanto na Rússia procuram recrutar “voluntários” para enviar novos batalhões para a Ucrânia e evitar uma mobilização geral.
Os ataques terrestres concentraram-se na cidade estratégica de Siversk, a cerca de 44 quilómetros a leste de Sloviansk e cerca de 58 quilómetros a nordeste de Kramatorsk, os dois principais redutos ucranianos na região de Donetsk.
Vitali Kisiliov, porta-voz do Ministério do Interior da autoproclamada República Popular de Lugansk (RPL), assegurou à agência oficial russa Tass que as unidades de combate estão “praticamente a expulsar de Siversk os militares ucranianos que ainda permanecem”.
Segundo a mesma fonte, as tropas ucranianas estão se retirando para Kramatorsk e Sloviansk.
“Estou confiante de que nossa artilharia acabará com todos estes fugitivos”, acrescentou Kisilov.
Por sua vez, o porta-voz militar ucraniano daquela região, Andrei Marochko, afirmou na sua conta na rede social Telegram que o comando tomou a decisão sobre a retirada gradual das suas unidades de Siversk em pequenos grupos.
As autoridades ucranianas denunciaram também esta sexta-feira um ataque com mísseis contra Mykolaiv, capital da região sul com o mesmo nome.
“Hoje, o terrorista russo atacou as duas maiores universidades de Mykolaiv. Com pelo menos dez mísseis. Estão a atacar agora a nossa educação”, realçou o governador da região, Vitali Kim, através do Twitter, onde publicou um vídeo com imagens do impacto dos ‘rockets’ na cidade, ataque que segundo a autarquia provocou quatro feridos.
Em sentido contrário, o Serviço de Segurança da Ucrânia informou hoje, através do Telegram, que membros do seu centro de operações especiais, juntamente com membros das Forças Armadas, derrubaram um SU-25 e danificaram outro na região sul de Zaporizhia, com sistemas portáteis de defesa antiaérea.
“Nas últimas semanas, destruímos mais de 30 instalações logísticas inimigas”, Oleksandr Motuzianik, Porta-voz da Defesa da Ucrânia.
Apesar dos avanços das forças russas nas regiões leste da Ucrânia, o governo de Kiev acredita que, com a ajuda do Ocidente, a guerra pode terminar antes do final do ano.
“Mesmo do ponto de vista militar, é um plano absolutamente realista para libertar os nossos territórios e regressar pelo menos à situação que existia em 23 de fevereiro de 2022”, apontou o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, citado por ‘media’ ucranianos.
Segundo Reznikov, de qualquer forma, para lançar uma contraofensiva, a Ucrânia precisa de aviões, tanques e mais artilharia.
“Nas últimas semanas, destruímos mais de 30 instalações logísticas inimigas. É por isso que agora o potencial ofensivo das tropas de ocupação russas diminuiu consideravelmente”, assinalou também esta sexta-feira o porta-voz da Defesa ucraniano, Oleksandr Motuzianik.
O porta-voz destacou particularmente o “trabalho magnífico” que está a ser realizado pelos veículos lançadores de mísseis M142 HIMARS, dos EUA.
Já na Rússia, a chamada “operação militar especial” lançada pelo Kremlin na Ucrânia está a despertar cada vez mais críticas de setores nacionalistas radicais russos.
Igor Guirkin, o oficial russo retirado, que liderou, sob o pseudónimo “Strelkov”, o ataque armado pró-russo no Donbass em 2014, declarou que sem mobilização não haverá como vencer a guerra, porque “são necessários um milhão de homens no terreno”.
Apesar das críticas, o Kremlin insiste que “está tudo conforme o planeado” e que continua a abster-se de determinar uma mobilização parcial devido à natureza impopular do movimento e porque essa ação significaria admitir que a “operação especial” é uma guerra.
“Há uma boa notícia: a orquestra precisa de músicos na Ucrânia”, diz a campanha de recrutamento em Moscovo.
Assim, as autoridades russas lançaram uma campanha para o recrutamento de voluntários nas várias regiões do país.
Os salários mensais oferecidos estão entre 200.000 e 400.000 rublos (entre 3.500 e 7.000 euros), valores exorbitantes para a maioria da população.
Além da oferta estatal, há também propostas da empresa militar privada Wagner, cuja propriedade é atribuída ao empresário de São Petersburgo Yevgeny Prigozhin.
“Há uma boa notícia: a orquestra precisa de músicos na Ucrânia”, “Junte-se a nós para libertar todo o Donbass”, pode ler-se no ‘site’ da Wagner.