O apoiador de toda e qualquer ação e omissão do presidente Jair Bolsonaro está à espera de novas orientações para saber como e o que dizer do aumento de verba em publicidade do governo destinada à TV Globo.
Em 2022, ano de reeleição, segundo um levantamento do portal UOL, o repasse aumentou 75% entre janeiro e julho e chegou a R$ 11,4 milhões.
A verba é dinheiro de pinga para quem acaba de enterrar as regras do controle fiscal, com a bênção da oposição, para ampliar o Auxílio Brasil e distribuir subsídio para caminhoneiros e taxistas enfrentarem a alta da gasolina.
Além disso, a Globo possui a maior audiência do país e faz sentido que um governante queira divulgar ali, e não em uma emissora menor, mesmo que alinhada, os feitos de sua gestão.
O problema é que o próprio Bolsonaro passou os últimos três anos e meio pintando a emissora como o diabo e sugerindo o seu estrangulamento financeiro para livrar o país de um grande mal.
Em fevereiro de 2021, por exemplo, em um evento em Cascavel (PR), o presidente ergueu uma placa gigante com o símbolo da emissora riscado em X e os dizeres “Globo Lixo”, neologismo apropriado ao discurso bolsonarista a cada reportagem desconfortável ao ninho do capitão.
Bolsonaro já declarou que gostaria que a “Globo fosse realmente uma imprensa que cada vez mais tivesse gente assistindo por acreditar nela, por ver que ela fala a verdade, mas infelizmente não é assim”.
Ele também já disse ser perseguido pelo “sistema Globo” há pelo menos uma década e acusou a família Marinho, proprietária da empresa, de receber repasses suspeitos de um doleiro. E, mais de uma vez, ameaçou não renovar a concessão da emissora.
A lista de ataques a profissionais da TV Globo também é imensa.
A estratégia é clara: fugir do escrutínio jornalístico e atribuir qualquer crítica por actos e omissões a uma suposta conspiração.