O ministro da Economia e Finanças de Moçambique disse esta quinta-feira (26) não poder garantir que o megaprojecto de gás seja retomado ainda este ano, mas afirmou haver sinais positivos da parte dos parceiros no negócio.
Não posso dizer com certeza, depende da evolução “da situação de segurança na região “, mas há um sinal positivo por parte dos concessionários e uma expectativa tendo em conta o que está a verificar-se na realidade e há visitas frequentes por parte do operador”, afirmou Max Tonela à Lusa, quando questionado sobre se o megaprojeto da Total, suspenso há um ano devido aos ataques em Cabo Delgado, será retomado este ano.
Em declarações à Lusa à margem dos encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), em Accra, o ministro adiantou por outro lado que a primeira exportação do projecto da central de produção de gás natural liquefeito no mar, na bacia de Rovuma, está prevista para o início de Outubro.
“A plataforma já está nas águas moçambicanas. Está em processo de instalação e ligação aos seis poços. Nós esperamos que a produção comece de forma gradual, e que a primeira operação de exportação aconteça no início do mês de Outubro deste ano”, altura em que a plataforma estará já a operar na sua capacidade total, explicou.
Segundo Tonela, este avanço “vai contribuir já para o aumento das receitas, sobretudo das exportações”.
Sobre o processo interrompido pela acção terrorista, o ministro disse que “há trabalho a correr com os concessionários, o Governo mantém um contacto permanente”.
“Estamos em conjunto a avaliar o progresso do processo de estabilização, portanto, da melhoria das condições de segurança. Há uma leitura positiva por parte dos parceiros”, referiu, acrescentando que o Governo está a tentar “criar condições para que, de forma segura, quer as populações, quer os projectos possam prosseguir o mais cedo possível”.
“A decisão vai ser tomada em função dos desenvolvimentos que vão ocorrer nestas matérias nos próximos meses”, frisou.
Questionado sobre o financiamento do esforço militar em Cabo Delgado, cuja dimensão 275 milhões de euros por ano levou o Presidente moçambicano a pedir ajuda internacional em Março, o ministro explicou que o Governo tem estado a trabalhar no sentido de mobilizar recursos para assegurar que a missão seja implementada com êxito, na medida em que também a capacidade da actuação das forças moçambicanas for sendo adequada à realidade da luta contra o terrorismo.
O projecto do Rovuma, liderado pela Total, era o maior investimento privado em África até ser suspenso em Março devido aos ataques armados em Cabo Delgado.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.