Um total de 10 pessoas foram decapitadas em três ataques a aldeias de Cabo Delgado e outras várias foram raptadas na sequência de uma série de ofensivas levadas a cabo por grupos terroristas ligados ao estado islâmico, contaram à VOA nesta terça-feira, 24, várias fontes locais.
Antes, a 20 de Maio, um ataque repentino à aldeia Nova Zambeze, no distrito de Macomia, provocou a morte por decapitação a duas pessoas e a destruição de várias habitações precárias, além do saque da pouca colheita da população que se mantinha no local, contou um morador, citando um parente que sobreviveu o ataque.
Este ataque ocorreu a cerca de 28 quilómetros de uma posição militar naquele distrito, segundo confirmou à VOA uma fonte conhecedora do incidente que pediu anonimato.
Já a 21 de Maio, noutro ataque, numa área agrícola da aldeia Nguida, onde a população se mantém refugiada, outras quatro pessoas foram decapitadas e várias outras – em número desconhecido – foram raptadas pelos insurgentes, contou um outro morador.
“Os insurgentes apareceram nas machambas, forçaram a colheita de algumas plantações e levaram as pessoas e as cargas, mas também degolaram (decapitar) quatro pessoas”, contou à VOA Zulficar Amade, um morador de Macomia.
A VOA tentou sem sucesso ouvir a Polícia em Pemba, que não respondeu ao nosso pedido de comentário.
Insurgentes rendem-se
Os novos incidentes ocorrem depois de na semana passada, fontes bem posicionadas terem garantido à VOA que um grande grupo de insurgentes, cerca de 50 homens, renderam-se e entregaram-se às autoridades militares.
Dois deles, que actuavam em Mucojo (Macomia) e Quissanga, entregaram-se no dia 19 de Maio numa base militar, entre algunas com armas.
No dia 18 passado, um grupo de 22 crianças, 12 mulheres e igual número de homens, que se presume serem insurgentes, apareceram em fila, com as mãos levantadas para o ar na vila de Muidumbe, alegando que fugiram de uma base terrorista.
Entretanto, outra fonte disse que um grupo de 12 insurgentes foi detido a 13 de Maio, quando tentava atravessar o rio Rovuma de canoas para a Tanzânia, tendo sido devolvido pela força tanzaniana ao distrito de Mueda.
Regresso a Muidumbe
As autoridades governamentais estimam que pelo menos 300 funcionários públicos, de diferentes sectores, incluindo educação e saúde, já regressaram ao distrito de Muidumbe, severamente destruído por ataques insurgentes.
O regresso seguro dos funcionários e da população ocorre na medida em que o avanço da força conjunta de Moçambique, Ruanda e da SADC permitiu um controlo maior sobre a área, que estava desabitada desde a invasão e a tomada da sede distrital em Abril de 2020 pelos insurgentes.
O secretário de Estado de Cabo Delgado, António Supeia, em entrevista à estatal Rádio Moçambique, garantiu que o Governo está a criar condições para o regresso seguro da população e a disponibilização de condições mínimas para serviços públicos.
Entretanto, várias infra-estruturas públicas destruídas pelos terroristas ainda estão em escombros e continuam por reabilitar.