A direção da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda lamentou o “posicionamento irrealista” do político Adalberto Costa Júnior sobre a situação do enclave, criticando a tomada de posição só no período pré-eleitoral.
“A direcção política da FLEC-FAC lamenta o posicionamento irrealista do líder político angolano Adalberto Costa Júnior quando no seu anúncio disse que poderia conceder uma autonomia a Cabinda”, lê-se num comunicado emitido hoje, no qual se afirma que a ideia junta-se às de “outros políticos angolanos que controlam ditatorialmente o país desde 1975 e que consideram Cabinda como uma inegociável colónia angolana”.
A realização das autarquias locais, a revisão constitucional, a diminuição de poderes do Presidente da República e a sua escolha directa nas eleições, bem como a constituição de duas regiões autónomas, nomeadamente para as províncias de Cabinda e Luanda são alguns dos compromissos do programa de governação da União para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição de Angola, que deverá ter eleições em Agosto.
FLEC-FAC volta a pedir referendo
A FLEC-FAC diz que “os cabindas não mendigam por um estatuto político a ser demagogicamente presenteado como uma esmola de políticos angolanos numa busca desesperada de votos num território que recusa a ocupação por Angola” e defende que “os cabindas exigem o direito de decidirem sobre o futuro político de Cabinda e o seu direito à autodeterminação através de um referendo que contemple a Independência”.
Sobre as eleições de final de Agosto, a FLEC-FAC “apela à população de Cabinda a permanecer vigilante contra a demagogia, falsas promessas, corrupção e instrumentalização dos partidos políticos angolanos que apenas pretendem recolher votos para prolongar a agonia do povo de Cabinda” a conclui que “votar nas eleições angolanas é contribuir no genocídio da identidade de Cabinda, amordaçar a nossa liberdade, insultar os nossos antepassados, hipotecar a nossa história e vender o nosso direito à autodeterminação”.
A província angolana de Cabinda, onde se concentra a maior parte das reservas petrolíferas do país, não é contígua ao restante território, sendo delimitada a norte pela República do Congo, a leste e a sul pela República Democrática do Congo e a oeste pelo Oceano Atlântico.
Luta histórica
A Frente para a Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) luta há anos pela independência daquela província, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.
No entanto, o Governo angolano, liderado pelo Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) desde a independência, recusa reconhecer uma situação de instabilidade naquela província, sublinhando sempre a unidade do território nacional.