O Presidente de Angola disse hoje que o país prevê refinar no futuro quase 400.000 barris de petróleo bruto por dia com a construção das refinarias do Soyo e de Cabinda e com a requalificação da refinaria de Luanda.
João Lourenço, que discursou esta segunda-feira (16.05) na abertura da 8.ª edição do Congresso e Exposição de Petróleo Africano (CAPE, na sigla inglesa), afirmou que a construção das refinarias, já em curso, visa tornar Angola “não só um país exportador de petróleo bruto, mas também de produtos refinados”.
Ao mesmo tempo, referiu o Presidente angolano, “o Executivo decidiu pelo aumento da capacidade de armazenagem de combustíveis e lubrificantes, assim como da rede de postos de abastecimento em todo o país, contando com a iniciativa privada para o alcance deste objetivo”.
O chefe de Estado recordou as reformas no setor petrolífero, iniciadas em 2018, “para melhorar a sua governança, transparência e eliminar possíveis conflitos de interesse”, que culminaram com a criação de agências e vários órgãos para o setor.
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), com a função de concessionária nacional, o Instituto Regulador dos Derivados de Petróleo (IRDP) estão entre as instituições criadas.
Declínio na produção
“Desde 2016 que a produção petrolífera de Angola tem registado um declínio acentuado por diversas razões, com especial realce para a quase ausência de investimentos na exploração”, salientou.
Para inverter a tendência decrescente da produção, disse, o Executivo angolano promoveu iniciativas para o relançamento da atividade de exploração petrolífera, a melhoria da eficiência operacional e a otimização de custos, assim como o fomento do conteúdo local.
“Transição Energética, Desafios e Oportunidades na Indústria Africana de Petróleo e Gás” é o lema desta CAPE VIII, que congrega em Luanda, os 15 membros da Organização Africana dos Países Produtores de Petróleo (APPO, na sigla inglesa) e mais cinco países observadores.
João Lourenço destacou o lema do congresso considerando que o mesmo “demonstra, mais uma vez, a forte intenção dos líderes africanos produtores de petróleo e gás em abordar e deliberar sobre os desafios e as oportunidades da transição energética” e “o futuro da indústria de petróleo e gás de África, face à COP 21 e à COP 26”.
A elaboração da estratégia de longo prazo da APPO e da realização do primeiro Fórum dos Presidentes dos Conselhos de Administração das Companhias Nacionais de Petróleo dos Países Membros da APPO foi também enaltecida pelo chefe de Estado.
Um estudo sobre o “Futuro da Indústria do Petróleo e Gás em África à Luz da Transição Energética” foi realizado pela APPO o que, para João Lourenço, “revela a existência de uma organização capaz de liderar as transformações da indústria petrolífera africana face à tremenda pressão de poderosos interesses externos para abandonar de forma precipitada os combustíveis fósseis”.
Desafios para os produtores
O estudo realizado pela organização “ilustra os desafios principais que os países africanos produtores de petróleo poderão enfrentar para continuarem a beneficiar dos seus recursos naturais à luz da transição energética global”, acrescentou.
“Refiro-me à probabilidade de mais de 125 biliões de barris de petróleo bruto e mais de 500 triliões de pés cúbicos de gás de reservas comprovadas ficarem para sempre inexploradas caso não nos mantenhamos unidos e capazes de defender nossos interesses enquanto continente”, disse o Presidente.
“A nossa realidade demonstra que uma parte significativa de pessoas no continente africano não tem acesso à eletricidade nem a nenhuma outra forma de energia moderna para uso doméstico, implicando assim a necessidade da criação do mercado africano capaz de absorver uma fatia maior do petróleo e gás que África produz”, apontou.
Transição energética
João Lourenço referiu que a médio/longo prazo “os combustíveis fósseis estão condenados a serem banidos definitivamente como uma das medidas para a proteção do ambiente e, consequentemente, do planeta”.
“Todos nós estamos obrigados a aderir à necessidade da transição energética para salvarmos o planeta terra, a nossa casa comum”, acrescentou, defendendo que essa transição deve “ser um processo gradual e responsável, que defenda o planeta sem que traga mais fome e miséria aos povos daqueles países que têm na exploração do petróleo e gás sua principal fonte de divisas”.
“Enquanto acontece o processo de transição energética, os nossos países devem acelerar a diversificação das suas economias e aproveitar ao máximo as receitas do petróleo para a industrialização do continente”, defendeu.