Em várias comunidades angolanas, sobretudo nas províncias que fazem fronteira com outros Estados, é comum as pessoas procurarem tratamento médico e medicamentoso noutros países.
A VOA falou com residentes das províncias do Zaire, Cabinda e Moxico para saber da realidade destas comunidades em termos de saúde.
Em Cabinda, por exemplo, onde esteve recentemente o Presidente da República, que inaugurou empreendimentos públicos, entre eles um hospital, os residentes dizem que sem a as vizinhas República do Congo e República Democrática do Congo (RDC) a situação seria muito difícil em termos de assistência médica e medicamentosa.
Não sei o que seria deste povo em termos de saúde, aqui localmente estamos entregues à bicharada, hoje se formos à Ponta Negra encontramos assistência e tratamento de qualidade e medicamentos disponíveis, diferente de Cabinda”, disse o Senhor Neto.
A mesma realidade verifica-se na província do Moxico, sobretudo nos municípios do Alto Zambeze e Luau.
No caso do Luau, fronteira com a RDC, as populações recorrem ao país vizinho pelas razões avançadas por este residente que preferiu o anonimato.
“A população do Luau é grande, então não há unidades suficientes, por isso a maioria vai à RDC à busca de cuidados médicos e medicamentoso”, justifica o entrevistado da VOA.
Situação idêntica é vivida em Cazombo, no Alto Zambeze, onde um residente, que também preferiu não ser identificado, referiu que “os moradores da comuna do Lowua, Caianda, até para um simples paracetamol recorrem à Zâmbia, não há hospitais nestas localidades então a solução é a vizinha Zâmbia”.
Outro residente do Moxico diz que ali onde há hospitais, são apenas paredes, contrariamente ao país vizinho.
“A forma como o doente é atendido aqui nos hospitais faz com que prefira ir a outro país, o doente vai ao hospital só lhe passam receita, como as pessoas não têm dinheiro preferem ir a Zâmbia onde você faz a consulta e recebe os medicamentos todos receitados”, relatou.
No Zaire, concretamente no município petrolífero do Soyo, um residente diz recorrer “à RDC porque a qualidade da assistência e do tratamento é outra coisa, há acesso aos medicamentos, o respeito com que o utente é atendido é muito diferente das unidades em Soyo”.
Essas reclamações acontecem no momento em que os médicos mantêm uma greve há mais de dois meses e os enfermeiros começam a pressionar o sindicato da classe para avançar com uma paralisação geral.