Umaro Sissoco Embaló alega “razões constitucionais” porque o líder do PAIGC não o reconhece como Presidente da República
O Presidente da Guiné-Bissau garantiu que nunca irá nomear o líder do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) para o cargo de primeiro-ministro por “razões constitucionais” já que, segundo Umaro Sissoco Embaló, não o reconheceu como chefe de Estado.
“Por uma questão de coerência nem penso que poderemos coabitar. Eu nas condições dele nem ia tentar sequer, conhecendo a pessoa de Umaro Sissoco Embaló. Como vou nomear alguém que um dia diz que eu sou Presidente da República e noutro dia já diz que sou um autoproclamado”, afirmou em jeito de questionamento Embaló em declarações a jornalistas à margem da visita que fez nesta terça-feira, 18, às obras em curso no Hospital Nacional Simão Mendes, na capital do país.
Ao afirmar não estar a “mandar recado para o PAIGC”, o Presidente acrescentou que, após as legislativas de 2023, “mesmo Domingos Simões Pereira a ser eleito, mesmo com 102 deputados, não o nomearei primeiro-ministro porque ele é que disse que não sou o Presidente”.
Entretanto, Umaro Sissoco Embaló admitiu que “como colegas, amigos, irmãos, podemos falar, agora na política não existem condições para a nossa coabitação e nem com a sua direcção no PAIGC, se vencerem as eleições”.
“Eu sou coerente com a minha posição”, reiterou o chefe de Estado guineense, que, ao destacar que “o Presidente está acima dos partidos políticos”, admitiu que “quem vencer o congresso do PAIGC, mesmo que venha a ser Domingos Simões Pereira, será felicitado pelo Presidente da República”.
Carta aberta a Domingos Simões Pereira
O PAIGC realiza o seu X Congresso de 17 a 20 de Fevereiro e Domingos Simões Pereira é candidato à sua sucessão.
Entretanto, como a VOA noticiou ontem, 17, numa carta aberta, cinco dirigentes do partido, entre eles o antigo primeiro-ministro Artur Silva, alertaram Simões Pereira que vão apresentar no congresso um Moção Estratégia Global com “uma agenda a favor do partido que irá incorporar uma estratégia que permita reconquistar as posições políticos e instituições que o partido perdeu nos últimos 8 anos e assim materializar o programa de desenvolvimento que o povo almeja e merece”.
Os subscritores, que lembram que durante os mandatos de Simões Pereira o partido perdeu 20 deputados, dizem que “perante este cenário difícil” e visando “inverter a posição de menoridade política para que foi relegado, o partido deve protagonizar uma solução governativa, liderada pelo PAIGC, em conformidade com os resultados das eleições legislativas de 2019”.