Os líderes da África Ocidental, reuniram-se este domingo em Accra, no Gana, e concordaram na aplicação de duras sanções ao Mali na sequência da recusa por parte do governo interino em realizar eleições ainda este ano. Gloria Silva, empresária portuguesa em Bamaco, reconhece que com estas sanções a CEDEAO enviou uma mensagem clara de que é preciso acabar com os golpes de estado no Mali.
Os chefes de estado da CEDEAO decidiram fechar as fronteiras com o Mali e suspender todas as transações comerciais enquanto se aguarda um novo calendário eleitoral.
Gloria Silva, empresária portuguesa em Bamaco, reconhece que com estas sanções a CEDEAO enviou uma mensagem clara de que é preciso acabar com os golpes de Estado no Mali.
“Se deixarmos que os golpistas continuem a fazer golpes militares, e fiquem eternamente no poder, começam a ficar em risco todos os países que estão aqui ao lado. Se estamos a tentar acabar com os golpes de Estado, há mais de vinte anos, nesta zona, todo o golpe de Estado que fique no poder, é como um apelo a todos os outros [países] que façam o mesmo”, explicou.
Em Agosto de 2020, oficiais do exército liderados pelo coronel Assimi Goita afastaram o Presidente maliano do poder, em seguimento de manifestações populares contra o governo de Ibrahim Boubacar Keita. Sob ameaça de sanções, Assimi Goita prometeu realizar eleições gerais em Fevereiro de 2022, restaurando desta forma o governo civil no Mali.
Recentemente, o governo interino do Mali apresentou um novo cronograma onde pretendia realizar um referendo constitucional, as eleições legislativas em Novembro de 2025 e as eleições presidenciais em Dezembro de 2026. Os golpistas utilizaram como argumento a insegurança que se vive no país, nomeadamente, em matéria de terrorismo, com a presença de vários grupos “jihadistas” no terreno maliano. Uma propostas inaceitável para a CEDEAO.
A empresária portuguesa acredita que as sanções terão um efeito dentro de dias, deixando antever um revolta popular.
“Esta situação vai ser resolvida dentro dias e vai ser o povo a resolver isto com a Junta Militar. Quando as necessidades chegarem ao povo, o povo vai desalojar os militares do poder”, refere.
As autoridades malianas consideram que a decisão da CEDEAO está a ser instrumentalizada e apelaram à solidariedade e apoio “dos países e instituições amigas”.
A Junta Militar tentou tranquilizar a população, garantindo que o abastecimento normal dos bens de primeira necessidade será garantido.
“O governo do Mali faz questão em tranquilizar a opinião nacional que foram tomadas medidas visando garantir o normal abastecimento do país por todos os meios apropriados”, reiterou ainda Abdoulaye Maiga.