Depois de os lucros do BAI Cabo Verde terem caído 75% em 2020, o banco avançou para um aumento de capital de 5,9 milhões de euros, concretizado a 13 de Dezembro de 2021. Apenas o BAI Angola subscreveu este valor.
O aumento de capital do BAI Cabo Verde foi realizado a 13 de Dezembro na Conservatória dos Registos Comercial e Automóvel da Praia pelo valor de 5,9 milhões de euros (3,7 mil milhões Kz), na modalidade “novas entradas” e realizado em dinheiro, de acordo com informações da própria instituição. Recordar que a moeda local, escudo cabo-verdiano, tem paridade com o euro e por isso não sofre oscilações cambiais relativamente à moeda europeia. Por isso é a divisa de referência para o país.
Uma informação posta a circular pelo BAI Cabo Verde dá então conta que o capital social da instituição é agora representada por 2.092.385 acções com o valor nominal de 1.000 escudos cabo-verdianos, a paridade fixa é 110,265 ECV por Euro, o que no total representa um capital social actualizado de 18,9 milhões de euros, um aumento de 45,4 % relativamente ao valor do anterior capital social, que era de 13 milhões EUR. Este aumento de capital foi subscrito na totalidade pelo BAI Angola.
A nova estrutura accionista passa então a ser a seguinte: BAI Angola com 88,98% (tinha 83,85%), a petrolífera Sonangol Cabo Verde com 9,2% (tinha 13,45%) e sociedade de investimentos SOGEI com 1,84% (tinha 1,4%). O não acompanhamento da Sonangol neste aumento de capital tem a ver com a estratégia da companhia de abandonar os negócios fora do seu core business, lembrando que a petrolífera é também accionista do BAI Angola, sendo que a sua participação na instituição financeira deverá ir a venda em bolsa ainda no I trimestre deste ano.
De acordo com o foi dito pelos responsáveis do IGAPE, depois da privatização do BCI o mês passado, seguem-se as privatizações das participações do Estado no Caixa Angola e no BAI. São processos que já se iniciaram e que deverão estar concluídos nos três meses deste ano.
Impacto da Covid-19
O aumento de capital no BAI Cabo Verde surge na sequência de um ano de 2020 difícil, em que os resultados caíram 75%, de 1,1 milhões EUR (693 milhões Kz) em 2019 para apenas 280 mil EUR (176,4 milhões Kz) em 2020. No relatório e contas, o conselho de administração reconhece que, num contexto de fortes impactos provocados pela pandemia da Covid-19, a “deterioração sistémica das condições económicas e financeiras representou um desafio” para o BAI Cabo Verde, levando “à recentragem da sua gestão com ênfase no controlo e mitigação dos riscos, desde operacionais a financeiros e estratégicos”.
A administração diz que a actividade bancária em 2020, impactada pela crise provocada pela pandemia de covid-19, “foi marcada por um crescimento ténue” da carteira de crédito, de 2,1% face a 2019, para um valor bruto de 92,4 milhões de euros (58,2 mil milhões Kz), enquanto os recursos dos clientes subiram 1,2%, para 128,7 milhões de euros (81,1 mil milhões Kz). “A nível de solvência verificou- se, ainda que residual, um reforço dos fundos próprios em 0,5%, tendo o rácio de solvabilidade passado dos 14,14% em 2019 para os 14,22% em 2020, acima do limite regulamentar, este ano fixado nos 10%, como medida de flexibilização prudencial face à crise da covid-19”,
No relatório e contas de 2020 pode também ler-se que o rácio do crédito vencido – com atraso superior a 30 dias – subiu para 7,4% do total, contra 6,5% em 2019, e que o rácio de crédito em incumprimento – atraso superior a 90 dias – atingiu os 7,2%, face aos 6,3% no ano anterior.