Um grupo armado, alegadamente de inspiração radical islâmica, decapitou uma pessoa, incendiou várias palhotas e saqueou cinco aldeias de Macomia, em Cabo Delgado, durante uma nova investida na manhã da quarta-feira, 15, disseram à VOA testemunhas e várias fontes locais.
O grupo atacou a tiros as imediações da aldeia Nova Zambézia, junto a única estrada de asfalto que liga Pemba, a capital, a Palma, o distrito dos megaprojetos de gás, tendo decapitado um homem num campo de cultivo.
“Era um neto. Eles decapitaram a cabeça e deram a umas mulheres para ir deixar no comando das Forças de Defesa e Segurança”, contou à VOA um parente da vítima, que pediu anonimato, acrescentando que o homem foi encontrado a capinar enquanto as mulheres iam apanhar mangas.
“Estes insurgentes estão nestas matas aqui, nesta via de Chai, Mucojo, nesta mata do meio aqui, eles estão lá mesmo” disse à VOA Balbino Saraiva, outro morador de Macomia, ao mapear zonas descritas como com pequenas bolsas de resistência de grupos armados, localmente conhecidos por al-Shaabab.
Ainda segundo relatos de moradores, após atacar a Nova Zambézia, sem chegar a sede da aldeia, o grupo invadiu igualmente a tiro as aldeias Nova Vida, Muagamula, Nkoe e Nguida, cuja pouca população, que ainda permanecia nas aldeias após ataques anteriores, pernoita nas matas.
“As pessoas não estão à vontade, é um assunto grave mesmo”, frisou outro morador de Macomia ao descrever o pânico e as novas fugas provocadas pelos novos ataques.
A Polícia em Cabo Delgado não respondeu ao pedido de comentário da VOA.
Mais a norte, em Nangade, as forças tanzanianas confrontaram-se com um grupo armado na fronteira, quando estes tentavam saquear uma aldeia ribeirinha da Tanzânia para roubar alimentos.
O grupo já tinha atacado e roubado três aldeias da Tanzânia no início do mês, quando a tropa estatal reforçou o controle naquela área para travar a movimentação do grupo junto ao rio Rovuma, que separa Moçambique da Tanzânia.
O conflito armado em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortos, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, na sigla inglesa, e mais de 820 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.