Em Myanmar Aung San Suu Kyi foi hoje condenada a 4 anos de cadeia por incitação a desacatos e violação das regras sanitárias ligadas à Covid. A antiga prémio Nobel da Paz é ainda indiciada da prática de toda uma série de crimes, denunciados por ongs de defesa de direitos humanos, que poder-lhe-iam valar dezenas de anos de prisão na antiga Birmânia. A pena foi entretanto reduzida para dois anos, anunciou a junta militar.
Desde o golpe de Estado de 1 de Fevereiro a antiga primeira-ministra, de 76 anos, está em prisão domiciliária.
Ela é ainda indiciada por importação ilegal de walky talkies, corrupção, fraude eleitoral e rebelião.
A também vencedora das eleições de 2015 e 2020 estaria, segundo muitos observadores, a ser vítima de um julgamento político.
Também o antigo presidente Win Myint foi condenado à mesma pena, segundo a junta militar eles não seriam, porém, logo levados para a prisão.
A próxima sentença a ser lida em relação a Aung San Suu Kyi deverá acontecer a 14 de Dezembro por ter infringido a lei sobre catástrofes naturais.
Foi um tribunal especial, construído em Naypyidaw, a capital, pelos militares, que tem estado a julgar a antiga Prémio Nobel da paz.
Os seus advogados foram proibidos de falar com a imprensa, os jornalistas que foram arredados de seguir o julgamento.
Segundo organizações não governamentais de 1 300 pessoas morreram e mais de 10 000 foram detidas na repressão dos protestos contra o golpe de Estado.
A Amnistia Internacional denuncia a determinação do exército em eliminar qualquer oposição e asfixiar as liberdades em Myanmar.
O respectivo director executivo em Portugal denuncia uma farsa por detrás deste julgamento e que a prazo Aung San Suu Kyi possa vir a ser condenada a muitos mais anos de cadeia.
“Este julgamento foi uma farsa e estas acusações também foram uma farsa. Desde Fevereiro, aquando da tentativa de golpe de Estado, a junta militar prendeu milhares de pessoas.”
A ONG apela a que a ASEAN, a organização regional do sudeste asiático, tome posição quanto à situação dos direitos humanos em Myanmar.
“O julgamento foi à porta fechada, não sabemos que provas foram apresentadas. Estime-se que 1 300 pessoas tenham sido torturadas e mortas. Estamos a pedir à ASEAN, de que Myanmar faz parte desde 1997, tome posição e faça um trabalho que se comprometeram a fazer.”
“A situação é caótica, urge que a ASEAN entre no país e possa fazer o seu trabalho. Enquanto isso não acontecer vamos continuar a testemunhar estes abusos de direitos humanos de quem detém o poder em Myanmar neste momento.”
A junta militar anunciou, entretanto, que a sentença passou de 4 para 2 anos de prisão.