Analistas angolanos manifestam-se cépticos quanto à possibilidade de as reclamações do pré-candidato do MPLA, António Francisco Venâncio, virem a ser atendidas tanto pelo partido como pela justiça.
Em conferência de imprensa na sexta-feira, 5, Venâncio disse ter pedido o alargamento do prazo para a entrega de candidaturas e ameaçou recorrer à justiça para impugnar o congresso por alegada violação dos seus direitos, entre eles o de concorrer à liderança do partido no poder em Angola.
O académico João Lukombo Nzatuzola recorre ao adágio africano segundo o qual “não adianta recorrer ao javali para se queixar do porco porque ambos são parentes próximos”, numa referência à proximidade do partido no poder com a justiça angolana.
“Nem sequer vão atender à queixa do Venâncio, por mais legítima que seja”, acrescenta Lukombo.
O jurista Salvador Freire também afirma não acreditar que António Venâncio venha a ser bem sucedido nas suas reclamações no seu próprio partido.
“Não acredito muito que a reclamação tenha pernas para andar”, considera aquele jurista para quem o facto de a imprensa ter ignorado todas as realizações do pré-candidato foi indicativo do fracasso da intenção.
O militante do MPLA António Venâncio, que anunciou há algumas semanas a intenção de se candidatar à presidência do partido no poder em Angola, ameaça impugnar o VIII Congresso, a realizar-se de 9 a 11 de Dezembro, junto do Tribunal Constitucional (TC).
“Se não forem respeitados os direitos que tenho como militante, irei solicitar a anulação do acto, o que está previsto nos estatutos do partido”, garantiu na sexta-feira, 5, António Venâncio, para quem “há muito silêncio, inexplicável”.
O congresso vai eleger o novo presidente do MPLA e, até agora, apenas o actual líder, João Lourenço, entregou a sua candidatura ao cargo.