O INACOM tem ainda de confirmar esta nomeação. Angola Telecom é accionista da Movicel, com 18% do capital, e é também a maior credora da operadora de telefonia móvel. O anterior PCA, Filipe Zola, demitiu-se quatro meses após a sua posse, as circunstâncias da sua demissão são contraditórias
O PCA da Movicel, Filipe Zola, e menos de quatro meses depois de ter sido eleito, apresentou a demissão na reunião de accionistas da passada quinta-feira, tendo sido imediatamente aceite.
Foi escolhido para o cargo Adilson Santos, que é também o PCA da Angola Telecom, passando a acumular os dois cargos. Falta agora a confirmação do regulador, o INACOM (Instituto Angolano das Comunicações), para que a sua posse seja confirmada, o que deve acontecer esta semana. Recorde-se que a Angola Telecom é accionista da Movicel, tem 18% do capital, e é credora da maior dívida que a operadora de telefonia móvel possui.
De acordo com o que o Expansão apurou há duas versões para o que aconteceu. Fontes próximas do ex-PCA justificam o pedido de demissão pelo facto de se estar a preparar uma campanha de difamação que o atingiria, e tudo isso por ele ter cortado com alguns dos negócios de interesses instalados à volta da Movicel, e daí que tenha optado por sair pelo seu próprio pé da empresa, mantendo as suas funções no INSS – Filipe Zola é um dos três administradores do Instituto, depois da alteração da sua estrutura orgânica.
Do lado do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) fala-se de arrogância e falta de disponibilidade, leia-se tempo, de Filipe Zola para tratar dos assuntos da Movicel, o que causou mal-estar nos quadros superiores da empresa, e a sua saída tornou-se inevitável.
Quanto à questão da incompatibilidade de Adilson dos Santos, em acumular os cargos de PCA da Angola Telecom e da Movicel, não é um problema, disse ao Expansão uma fonte do MINTTICS, ainda que não tenha fundamentado porque é que não é problema, seja como for, o parecer do regulador pode ser determinante para se perceber ou não desta incompatibilidade.
A Movicel precisa, no curto prazo, de uma verba de cerca de 50 milhões USD, sendo que o novo accionista, o GAFP – que detém 33% do capital da empresa e é representado pelo Francisco Cristovão – não pôs, até este momento, qualquer dinheiro na Movicel.
Havia pressão por parte dos accionistas para que fosse o INSS a fazê-lo, mas a posição do Instituto, suportada pela aprovação tutela, Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, é de que não haverá qualquer injecção de capital até que os outros accionistas – GAFP e outras empresas do Estado que estão no capital da empresa -, também o façam.
Em termos práticos, o INSS retira o seu quadro da presidência do Conselho de Administração da Movicel e passa a ter uma posição passiva na resolução do futuro da telefónica. A responsabilidade é agora, e quase exclusivamente, do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e de representantes de outros interesses à volta da Movicel.