Cerca de 15 missionários norte-americanos foram raptados no sábado por um grupo de homens armados, numa zona peri-urbana, no leste da capital haitiana, Port-au-Prince. O rapto foi comunicado por fontes ligadas aos serviços de segurança do Haiti. O país das Caraíbas tem sido confrontado nos últimos anos com a insegurança pública e a crescente violência, marcada em Julho último, pelo assassínio do presidente Jouvenel Moïse.
Pelo menos entre 15 e 17 cidadãos norte-americanos e as suas respectivas famílias, foram raptados cerca do meio-dia de sabádo, 16 de Outubro de 2021, por um grupo de homens armados que leva a cabo, desde á vários meses, uma séria de sequestro sem escrúpulos, assim como roubos, numa região situada entre a capital haitiana e a fronteira com a República dominicana.
Fontes ligadas aos serviços de segurança do Haiti, não precisaram se os raptores exigiram um resgate financeiro.
Um porta-voz do Departamento de Estado em Washington, expressou a sua preocupação no que toca à segurança e o bem-estar dos cidadãos norte-americanos no estrangeiro, bem como sublinhou que as autoridades do seu país dispunham de informações sobre o rapto ocorrido no Haiti.
O “400 Mawozo”, grupo envolvido no rapto dos missionários, obrigou vários automobilistas a desviarem-se dos eixos viários que ele controla, antes de raptar os cidadãos norte-americanos, bem como um número indeterminado de haitianos.
Os missionários e as suas famílias regressavam de uma visita à um orfanato, situado à uma trintena de quilómetros no leste da capital do Haiti.
Algumas das vítimas do rapto, que pertencem a uma organização religiosa com sede em Ohio, nos Estados Unidos, visitavam pela primeira vez o Haiti.
Em Abril de 2021, pelo menos 10 pessoas, entre as quais dois religiosos franceses foram sequestrados pelo mesmo grupo armado.
Libertado após 20 dias de cativeiro, o padre Michel Briard, um dos religiosos franceses raptados, considerou que eles estavam no lugar errado, no mau momento.
De acordo com observadores locais, os grupos armados, que controlam desde há vários anos os bairros mais pobres da capital haitiana, alargaram o seu poder a Port-au-Prince e aos seus arredores, onde multiplicam os raptos sórdidos.
Segundo o Centro de Análise e Investigação em Direitos Humanos, sediado em Port-au-Prince, mais de 600 casos foram registados nos três primeiros trimestres de 2021, comparado com os 231 raptos ocorridos em 2020 durante o mesmo período.
Os grupos armados, activos na região da capital haitiana, exigem às vezes resgates que ultrapassam milhões de dólares norte-americanos, assim como não hesitam em reclamar salários as famílias das suas vítimas, que na sua maioria vivem sob o limiar da pobreza.
O Haiti tem registado nos últimos anos uma crescente onda de violência e de insegurança pública.