A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) lançou na segunda-feira, 11, um alerta para a salvaguarda do Estado democrático em Angola, realçou o crescimento da tensão pré-eleitoral e manifestou a sua preocupação com o aumento dos níveis de insegurança todo o país.
No final da segunda Assembleia Plenária da organização, os bispos também pediram ao Governo que decrete o estado de emergência no sul do país que enfrenta a pior seca dos últimos 40 anos.
Analistas reconhecem o peso dos alertas e conselhos lançados pela CEAST, mas duvidam que o poder político as venha acatar.
Para o jurista Vicente Pongolola, apesar da classe política não estar vinculada à mensagem pastoral da CEAST, “o sensato seria, e por interesse da nação, se a tivesse como conselho”.
“Fazemos fé que o Executivo consiga pelo menos ver o alcance e o sentido dessa comunicação”, defende Pongolola.
Para o director do Jornal Folha 8, William Tonet, é muito difícil que o Governo venha a considerar a mensagem da Igreja Católica por entender que “eles têm noção que o país está mal mas hão-de preferir trilhar este caminho”.
Peso da Igreja Católica vs insensibilidade dos políticos
Por sua vez, o ambientalista Bernardo de Castro destaca o protagonismo da Igreja Católica, afirmando que à luz da sua doutrina social tem influenciado o poder político.
Castro diz, entretanto, que para o quadro actual de Angola, “há um elevado grau de insensibilidade daqueles que exercem o poder político para com as vozes da sociedade civil e das igrejas”.
Por outro lado, aqueles analistas reconhecem que a mensagem da Igreja Católica vai ter influência no eleitorado, já que grande parte do mesmo se tem manifestado defensor de mudanças políticas no país.
O alerta
A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) lançou um alerta para a salvaguarda do Estado democrático em Angola, realçou o crescimento da tensão pré-eleitoral e manifestou a sua preocupação com o aumento dos níveis de insegurança em todo o país.
No final da segunda Assembleia Plenária da CEAST, que começou no dia 6 e terminou ontem, os bispos pediram ao Governo que decrete o estado de emergência no Sul do país para fazer frente à prolongada estiagem e a fome, e disseram esperar não se confundir esta tragédia com questões políticas e ou de imagem do país.
“É preciso sermos humildes e conseguirmos dizer que os nossos esforços chegaram até determinada possibilidade. É preciso pedir a ajuda da comunidade internacional”, disse em conferência de imprensa nesta segunda-feira,11, o novo porta-voz da CEAST.
O porta-voz da Conferência, Dom Belmiro Chissegueti acrescentou que “é preciso parar com o cimento e dar alimento às pessoas” e lembrou que ao recorrer à comunidade internacional Angola não estará a pedir um favor porque “faz parte dessa comunidade e até tem as suas cotas pagas nas organizações internacionais”.
Chissegueti, que deu a conhecer os resultados da reunião, destacou o “crescimento da tensão pré-eleitoral” entre os dois grandes partidos do país e disse ser necessário “que se melhore o discurso político para garantir a paz, segurança e harmonia entre os cidadãos”.