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Sábado, Novembro 23, 2024

Análise: Nyusi pode estar interessado na retoma de projectos de gás para criar legado

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A petrolífera francesa Total adiou para 2026 a previsão de produção de gás natural liquefeito em Cabo Delgado, mas o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz acreditar que a qualquer momento, o projecto possa voltar a funcionar em pleno.

Analistas dizem tratar-se de um esforço do estadista, quase no fim do seu segundo e último mandato, para deixar um “legado” para os moçambicanos.

“Tudo indica que na parte onshore, vai ser visível o trabalho desenvolvido, porque as empresas saíram de Afungi por causa da guerra, e até à altura em que esta situação estiver esclarecida, ninguém vai querer perder esta oportunidade de explorar o gás”, afirmou Filipe Nyusi, numa recente conferência de imprensa.

Nyusi acrescentou que “estamos a trabalhar com o Ruanda e acreditamos que a qualquer momento, o projecto poderá funcionar em pleno”.

Legado

Para o analista Tomás Rondinho, “nota-se aqui, muito claramente, o esforço do presidente Nyusi para sair pela porta grande e deixar um legado, quando terminar o seu mandato como Chefe de Estado, mas penso que ainda não há condições de segurança para a Total regressar a Afungi”.

“É natural que o presidente Nyusi, que está quase a meio do seu segundo e último mandato presidencial, manifeste este desejo, porque, eventualmente, quer deixar como presente para os moçambicanos, o projecto de gás natural de Palma, mas duvido que isso aconteça porque a situação em Cabo Delgado ainda não está totalmente estabilizada. Nenhum investidor põe o seu dinheiro numa zona insegura”, realçou o analista Mário Ubisse.

Segundo aquele analista, ” o Presidente Nyusi reforçou muito o seu capital político com os progressos que se têm vindo a registar na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, mas julgo que este desejo de ver a Total de novo em Palma dentro de pouco tempo, vai ser difícil de se concretizar”.

Estabilidade

Entretanto, para o pesquisador Borges Nhamirre, a grande preocupação do Presidente Nyusi nem devia ser o projecto de gás, “porque quando ele assumiu o cargo de Presidente de Moçambique, Cabo Delgado era estável, pelo que alguma coisa falhou para que o conflito não passasse para a fase de escalada em que se encontra neste momento”.

Na sua opinião, “o maior legado que o Presidente Nyusi pode deixar, muito antes de pensar no gás, é a estabilidade em Cabo Delgado e em todo o país”.

Nhamirre anotou que “qualquer esforço para a secundarização de questões de segurança vai redundar num fracasso, porque não há desenvolvimento sem segurança”.

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