O Presidente da República autorizou, por despacho, a aquisição de dois imóveis, em Luanda, no valor de 114 milhões de dólares norte-americanos para acomodação dos serviços públicos do Ministério dos Transportes e da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola.
No despacho Presidencial nº 159/21, de 23 de Setembro, João Lourenço determina que seja a ministra das Finanças a proceder, em nome do Estado, ao que for necessário para a celebração dos contratos.
Em causa está a aquisição dos referidos imóveis, o primeiro, com 10.640 m2, edifício Welwitshia Business Center, situado na rua Frederico Welwitsh, em Luanda, e o segundo, com 6.369m2, edifício Chicala, localizado no Gaveto entre a Av. Nova Marginal e a Rua Dr. António Agostinho Neto.
O documento justifica estas aquisições com a necessidade de melhorar as instalações onde funcionam os serviços públicos do Ministério dos Transportes e os institutos e agências sob sua superintendência devido à deterioração das suas actuais instalações.
João Lourenço “esquece” nepotismo e autoriza compra de imóveis de amigo do Ministro dos Transportes
O caricato desta autorização e, que chama a atenção deste Portal de Notícias, é o facto de um dos edifícios que o Executivo pretende comprar, pertence à empresa Welwitshia Business Center (WBC) cujo director geral é Rui Van-Dúnem, conhecido entre os angolanos por Ruca Van-Dúnem, por sinal, amigo de longa data do actual Ministro dos Transportes, Ricardo Viegas D’Abreu, num claro acto de nepotismo.
Depois da sua eleição durante o VI Congresso Extraordinário do MPLA, em substituição do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, o Presidente da República, disse que “se houver coragem” para “realmente corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”, palavra de ordem usada na campanha eleitoral um ano antes, “a corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade” que “se implantaram” em Angola nos últimos anos, causando à economia angolana “muitos danos” e afectando “a confiança dos investidores, porque minam a reputação e credibilidade do país” iriam acabar.
Entretanto, com a autorização da compra destes edifícios, João Lourenço deita por terra todos os discursos que tem feito sobre o combate ao nepotismo e a corrupção. Aliás, não é a primeira vez que tal acto ocorre durante a governação do actual Presidente da República.
Para alguns analistas angolanos, a atitude do Presidente João Lourenço, aliada a adjudicação directa de obras à Omatapalo, empresa de construção civil ligada ao Governador de Benguela, Luís Manuel da Fonseca Nunes, demonstra claramente que o Presidente da República virou as costas aos compromissos eleitorais assumidos durante a sua tomada de posse.
Edifícios recuperados sem serventia alguma
Todavia, analistas ouvidos à respeito questionam as razões do Presidente da República autorizar, frequentemente, a aquisição de imóveis para organismos do Estado, numa altura que o Estado angolano tem recuperado e apreendido inúmeros imóveis em Angola e no exterior que podem ser usados para tais fins.
A título de exemplo, em Junho de 2020, o Serviço Nacional de Recuperação de Activos procedeu a apreensão de três edifícios, de escritórios e residenciais, denominados Três Torres, em Luanda.
Os prédios, conhecidos como Três Torres e construídos recentemente, incluem a Torre A Escritórios, e Torre B e C Residencial, estão localizados no distrito urbano da Ingombota, em Luanda, capital do país.
Entretanto, a Camunda News sabe que os edifícios são detidos pela empresa ROC, Riverstone Oaks Corporation ligada ao ex-director da SONIP, Orlando Veloso.
Outros edifícios na centralidade do zango zero, em Viana, ligados aos generais Dino e Kopelipa também foram arrestados e apreendidos pela PGR bem como os edifícios CIF Luanda, na baixa de Luanda. Entretanto, nenhum deles, o Estado está a usar para acomodar os funcionários públicos dos diversos departamentos ministeriais que, supostamente, trabalham em péssimas condições.
Embora no despacho Presidencial nº 159/21, de 23 de Setembro, João Lourenço determina que seja a ministra das Finanças a proceder, em nome do Estado, ao que for necessário para a celebração dos contratos, incluído a assinatura do mesmo é mais do que evidente que todo expediente já foi feito pelo Presidente, sendo que, caberá apenas a Ministra das Finanças ratificar a ordem de JLo.
O documento justifica estas aquisições com a necessidade de melhorar as instalações onde funcionam os serviços públicos do Ministério dos Transportes e os institutos e agências sob sua superintendência devido à deterioração das suas actuais instalações.
Ricardo D’Abreu e Ruca Van-Dúnem ligados pela música…
A Camunda News sabe que Ricardo Viegas D’Abreu e o empresário Ruca Van-Dúnem já trabalharam juntos num projecto musical denominado “Sem kigila” do músico Eduardo Paim, onde a sua veia compositora, e a paixão pela música marcou melodicamente os anos 90 onde chegou a ser um dos mais notáveis produtores, impulsionadores e defensores do género kizomba.
O projecto que remonta os anos 90, envolveu várias vozes, vários profissionais e vários amigos de Ruca Van-Dúnem, do qual Ricardo D’Abreu, o actual ministro dos Transportes, foi dos que mais se evidenciou, com o tema de sucesso “Manhã de Domingo”.