O banqueiro português, que passou pelo Lloyds Bank inglês e por outras instituições bancárias, foi nomeado presidente não-executivo do banco Suíço mas optou por tarefas mais executivas nomeando elementos da sua confiança para a administração e equipas executivas.
António Horta-Osório, e de acordo com o que é publicado hoje no Financial Times (FT), foi além do que seria de esperar de um chairman – tradicionalmente tarefas não-executivas – e nomeou pessoas da sua confiança tanto para a administração bem como para as equipas executivas.
O FT revela o desconforto dentro da instituição, 130 dias depois de António Horta-Osório ter assumido o cargo de presidente não-executivo. Há agora uma latente luta de poder entre o chairman, Horta-Osório, e o CEO Thomas Gottstein, uma vez que o português terá chamado para si tarefas que são de Gottstein.
Horta-Osório nomeou elementos da sua confiança para as equipas executivas e para a administração, para além do mais, criou um pequeno grupo a que chamou “comité táctico de crise”, de quem faz parte e com ele estão mais dois executivos do Credit Suisse, Richard Meddings, presidente dos comités de auditoria e risco, e Christian Gellerstad, presidente do comité de controlo de crimes financeiros.
Recorde-se que o Credit Suisse, que já foi liderado pelo africano Tidjane Thian, tem lidado nos últimos anos com vários escândalos financeiros, entre eles, os casos Archegos e Greensill Bank (4 mil milhões de euros de eventuais perdas). Este comité, agora criado por Horta-Osório, pretende assumir o controle destas e de outras questões, dando ordens à equipa executiva.
Os três reúnem-se com o CEO e o CFO (administrador financeiro) “frequentemente”, disse uma fonte ao FT, que acrescentou que Horta-Osório “tem dado ordens a Thomas nestas reuniões. As decisões são dele”.
Ainda de acordo com as mesmas fontes ouvidas pelo jornal financeira, este comportamento de Horta-Osório está a enfraquecer a posição do actual CEO do Credit Suisse e a passar a sensação de uma luta de poder entre os dois homens, mesmo que o português, e de acordo com alguns os executivos séniores do banco, esteja, “por agora”, a “tentar fazer mentoria e coaching”, e, aparentemente, nada mais do que isso.