Especialistas económicos consideram que o problema da inflação em Angola é económico e não regulamentar ou administrativo, garantiram especialistas ouvidos pelo Mercado, em reacção a suspensão do pagamento dos direitos aduaneiros aos produtos da cesta básica, aprovado na sessão do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente da República, João Lourenço.
Os especialistas consideraram a suspensão temporária dos direitos aduaneiros uma medida “paliativa” que não resolve o problema. O Governo deve criar condições para que os operadores económicos trabalhem.
A decisão do Executivo em suspender o pagamento dos direitos aduaneiros dos produtos da cesta básica com o objectivo de aliviar os preços, deixa os especialistas pouco optimistas quanto aos resultados desejados.
O economista Wilson Chimoco, considera que estas medidas vêm para criar mais incertezas ao mesmo tempo anular os mecanismos de mercado.
A título de exemplo, disse, uma tonelada de trigo era comprada a 180 mil dólares, agora está a 400 mil no mercado internacional por causa da COVID-19, o preço quase que duplicou. A produção baixou, a procura aumentou e os preços dispararam, este preço reflecte na mesa do consumidor final.
Samuel Candundo, defende que os direitos alfandegários têm que estar a um nível que protege o produtor nacional.
Eduardo Manuel, também economista, considera que a medida terá impacto na redução dos preços da cesta básica. Mas, numa primeira fase não será significativa porque a evolução dos preços dos produtos importados depende da evolução da taxa de câmbio.
“Os produtos importados não estarão ao alcance de toda a população, sobretudo as de baixa e média renda, visto que serão vendidos a um preço que não terá só em conta o custo de importação, baseado na taxa de câmbio, mas também os custos de transporte e outras despesas, isso para que os empresários possam recuperar o valor investido, bem como ter margem de lucro”, disse.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que a inflação em Angola aumentou 25,7%, maior registo nos últimos 4 anos quando se fixou nos 26,3% em termos homólogos. Já em termos mensais, a subida foi de 2,1% elevando a taxa acumulada para 14,5%, estes dados só mostram que a inflação no País está fora de controlo.