O Banco de Poupança e Crédito (BPC) está a substituir, desde finais do ano passado, a plataforma informática obsoleta com que opera, a qual tem sido aproveitada por piratas informáticos para aceder às contas de clientes e processar movimentos, segundo uma fonte da instituição contactada pelo Jornal de Angola.
Só no primeiro trimestre deste ano, revelou a fonte, os prejuízos causados por operações fraudulentas ficaram avaliados em milhares de milhões de kwanzas, envolvendo cerca de 10 mil clientes, que, convocados pelo banco, estão a prestar esclarecimentos sobre os movimentos suspeitos nas contas ocorridos nos balcões do banco (de forma presencial) e por cartão Multicaixa.
Muitos deles, esclarece a fonte, estão em incumprimento, havendo quem manifeste desconhecimento dos movimentos nas contas, algo que pode sugerir o envolvimento de cibercriminosos.
Também, “pessoas menos honestas aproveitam as fragilidades da plataforma electrónica que o banco está a substituir, em momentos de falha de comunicação com a Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), que gere a rede Multicaixa, repetindo levantamentos de um mesmo valor nos ATM e nos balcões”, alertou.
Segundo a fonte deste jornal, o cliente que tem, por exemplo, dois milhões de kwanzas na conta, ao aperceber-se da falta de comunicação entre a EMIS e o BPC, desconta o mesmo valor ao banco e num ATM. Quando o contacto é restabelecido, o que às vezes demora, fica com saldo devedor de dois milhões de kwanzas por ter feito o levantamento do dobro do valor, o que revela uma forma de defraudação ao banco.
Ainda de acordo com a fonte, as fragilidades da plataforma informática são as principais causas das constantes falhas do sistema do banco, enquanto a decisão de só autorizar movimentos de conta não presenciais em tempo real (enquanto o sistema estiver operacional) é adoptada para evitar burlas.
Nesse sentido, assegurou que o banco está a trabalhar, desde final do ano passado, na substituição da infra-estrutura tecnológica para dar solução ao problema, mas, também, como parte dos planos de reestruturação que tem em curso.
De acordo com dados disponíveis neste jornal, as interrupções dos serviços acumulam-se depois de, a 5 de Abril, o BPC ter limitado as operações devido a uma manutenção técnica ao sistema informático.
O atendimento ao balcão e por Internet Banking permaneceram limitados, com o banco a aconselhar os clientes a optarem pelos ATM e Multicaixa Express para concluir transacções.
Na última terça-feira, o banco anunciou um ataque cibernético a 15 deste mês, o qual visou a plataforma tecnológica de suporte às actividades do grupo e deixou parte dos sistemas indisponíveis, prejudicando as operações diárias dos clientes.
No comunicado em que anuncia esta última ocorrência, o banco afirma que os clientes podem continuar a utilizar de forma regular os serviços da instituição através da rede Multicaixa. Adicionalmente, informou que foram tomadas todas as providências necessárias para restabelecer a normalidade no mais curto espaço de tempo possível.