Três polícias obrigaram três jovens a tomar banho numa poça de água suja, depois de terem sido espancados na esquadra
Os três polícias guineenses acusados de torturar três activistas que participavam numa manifestação para pedir luz eléctrica em Bafatá na segunda-feira, 5, foram expulsos por despacho do ministro do Interior.
“Em conformidade com a nota de informação sobre o ocorrido na região de Bafatá, que culminou com uma prática desumana e cruel pelos agentes da Guarda Nacional contra cidadãos, o ministro de Estado, do Interior e da Ordem Pública decide expulsar os autores dessa prática bárbara”, diz a nota assinada por Botché Candé e enviada ao primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam, nesta segunda-feira, 6.
Ontem, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) condenou o que considerou “actos terroristas contra cidadãos” em Bafata, no leste do país.
Um grupo de jovens foi impedido pela polícia de ordem pública local de realizar uma manifestação pacífica, tendo três activistas sido detidos e torturados na esquadra da polícia local e de seguida humilhados na praça pública, ao serem obrigados a nadar numa poça de água suja.
A LGDH classificou a acção dos agentes uma clara “ostentação da brutalidade e de desrespeito pela dignidade da pessoa humana”.
Para a organização defensora dos direitos humanos, aquela actuação “nojenta e criminosa” das autoridades policiais de Bafatá contra cidadãos inocentes, espelha a dimensão da “ignorância e impreparação” de alguns elementos das forças de segurança para o exercício da nobre missão de manutenção da ordem e tranquilidade pública.
Hoje, a presidente do Conselho Nacional da Juventude, Aissato Forbs Djaló, condenou a violência e ameaçou “convocar uma manifestação pública da juventude em todos os quadrantes do país para exigir esse direito que está consagrado na Constituição da República da Guiné-Bissau, que é direito à manifestação”, caso não fossem tomadas medidas imediatas.
“Achamos que o Ministério Público tem que acompanhar essa situação para realmente pôr fim a esse processo de violações repetidas das forças de segurança contra a população”, concluiu Djaló.