O antigo membro da máfia siciliana, Giovanni Brusca, responsável pelo assassinato do juiz Giovanni Falcone há quase três décadas, foi libertado pela justiça italiana por alegado bom comportamento e cooperação com as autoridades.
O reconhecido mafioso, hoje com 64 anos, foi um colaborador próximo de Toto Riina, o chefe da “Cosa Nostra”, além do atentado contra o juiz Falcone esteve envolvido noutros crimes como o rapto, assassinato e diluição em ácido de um adolescente, num ato de vingança dos “patrões”, esteve preso durante 25 anos, foi libertado esta segunda-feira e vai manter-se em regime de vigilância pelas autoridades.
A libertação antecipada em 45 dias face à sentença decretada chocou muitos italianos.
É o caso de Tina Montinaro. A viúva de Antonio Montinaro, um dos chefes de segurança do juiz Falcone e que também foi vítima do atentado de Brusca, sente-se “desrespeitada pelo Estado italiano”.
Tina Montinaro lembra que Brusca “nunca revelou quem foram os mandantes do atentado” contra o juiz e por isso sente que “não está a ser feita justiça” na libertação do antigo mafioso.
O antigo presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, disse ser “impossível acreditar que um criminoso como Brusca possa merecer qualquer favor”. “A sua libertação da prisão provoca-me arrepios na coluna”, assumiu Tajani.
“Uma pessoa que cometeu estes atos, que dissolveu uma criança em ácido, que matou Falcone, é na minha opinião uma besta selvagem e não pode sair da prisão”, considerou Matteo Salvini, o líder do partido de extrema-direita Liga Norte.
A favor da libertação está Pietro Grasso, um antigo procurador italiano anti,afia e ex-presidente do senado.
“A indignação de muitos políticos que pouco percebem do código penal e a luta contra a máfia assusta-me”, escreveu Grasso na respetiva página de Facebook, defendendo que a redução de penas “para aqueles que ajudam o Estado” é uma recompensa necessária para estimular mais denúncias.