Chefes da diplomacia dos sete países mais industrializados pedem responsabilização dos autores de violações dos direitos humanos
Os chefes da diplomacia dos sete países mais industrializados do mundo, o G-7, manifestaram a sua preocupação com a situação na província moçambicana de Cabo Delgado e pediram a Maputo que responsabilize os autores de violações de direitos humanos.
Num comunicado emitido no final da primeira reunião presencial em Londres em dois anos, nesta quarta-feira, 5, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá, Alemanha e Itália encorajaram “Moçambique a continuar a trabalhar com a comunidade internacional para resolver o impacto humanitário da insurgência e atacar a raiz das causas e motivos do conflito e instabilidade e para prevenir um aumento maior da violência”.
Na nota, eles disseram estar “profundamente preocupados pelo escalar do conflito em Cabo Delgado e com o aumento de ataques terroristas por uma afiliada do ISIS” e expressaram a sua “solidariedade para com o Governo de Moçambique e o seu povo em enfrentar a violência extremista”.
No entanto, não passou ao lado dos ministros as denúncias de residentes na região, activistas e organizações não governamentais de violações de direitos humanos, não apenas por parte dos insurgentes, mas também das Forças de Defesa e Segurança e de grupos privados contratados pelo Governo.
“Apelamos a Moçambique para responsabilizar os autores de abusos de direitos humanos e violações em Cabo Delgado”, afirmaram os chefes da diplomacia do G-7 que “saudaram também o trabalho do Governo de Moçambique na resposta à situação humanitária”.
A reunião do G-7 teve na agenda vários temas da actualidade mundial, com particular incidência na luta contra o terrorismo, as ameaças da China e da Rússia e os programas nucleares do Irão e da Coreia do Norte.
A província de Cabo Delgado tem sido assolada por ataques de insurgentes aliados ao Estado Islâmico desde Outubro de 2017, que deixaram 700 mil deslocados e 2.600 mortes, metade delas civis, de acordo com a agência americana de recolha de dados Armed Conflict Location and Event Data (ACLED).
A situação de insegurança levou a multinacional Total a suspender os trabalhos de exploração de gás, no projecto orçado em 20 mil milhões de dólares.