Medidas de gestão de liquidez destinadas a reduzir a procura de divisas influenciaram a apreciação de 4,2 por cento do Kwanza face ao Dólar, no mercado formal, verificada entre Janeiro e a última segunda-feira, período em que a moeda angolana também se valorizou 10,5 por cento no informal.
Estes números foram, ontem, obtidos de uma fonte do BNA que aponta, como resultado dos ganhos do kwanza, uma flagrante queda do diferencial cambial da moeda nacional frente ao Dólar e ao Euro nos mercados formal e paralelo.
Os dados mostram uma trajectória descendente do diferencial cambial do Kwanza face ao Dólar e Kwanza que, de 16,3 e 9,3 por cento, respectivamente, em finais de Novembro do ano passado, caiu para 9,1 e 4,8 por cento a 12 de Abril.
A fonte declarou que a evolução favorável da taxa de câmbio da moeda nacional é devida ao controlo da liquidez excessiva no mercado, uma medida que considera ser o factor catalisador da estabilidade cambial.
De acordo com a fonte, “a gestão racional da liquidez no quadro de uma política monetária restritiva”, influenciou a estabilidade das taxas e a redução da procura por moeda estrangeira no mercado informal, “melhorando o diferencial das taxas de câmbio entre o mercado formal e informal”.
O Kwanza é, ainda, favorecido pelo comportamento favorável do preço do petróleo no mercado internacional, situado em mais de 60 dólares por barril e com tendência crescente.
Além disso, a moeda angolana beneficia, desde o final do ano de 2020, de medidas como a eliminação dos crónicos atrasados cambiais, a contenção da sobrevalorização da moeda que tinha impacto negativo sobre a competitividade da economia e o abrandamento das perdas acentuadas de reservas internacionais.
A fonte alertou, entretanto, para “factores de risco que podem reverter a tendência” de estabilidade do câmbio, com realce para uma eventual queda do preço ou da produção de petróleo bruto e uma evolução da situação da pandemia da Covid-19 no país e no mundo que leve ao relaxamento da política monetária.
Reforma cambial
A fonte lembra, como parte da trajectória de recuperação do Kwanza, as reformas decididas pelo BNA no final de 2017, uma estratégia para o mercado cambial que passava pela liberalização gradual da taxa de câmbio de forma a que esta passasse a ser determinada pelo mercado, representando o equilíbrio entre a procura e a oferta.
Com este ajustamento, recorda, o BNA propôs-se atingir o objectivo directo de ter na taxa de câmbio um instrumento amortecedor de choques externos na balança de pagamentos e, de forma indirecta, criar condições para o aumento da competitividade da produção nacional.
A fonte enumerou as reformas introduzidas para atingir tais objectivos, apontando a liberalização das margens a aplicar pelas instituições financeiras na venda de divisas, a implementação da plataforma electrónica Bloomberg FXGO para a realização de leilões e a determinação de que as vendas das empresas petrolíferas, diamantíferas e Ministério das Finanças devem ser negociadas directamente com os bancos comerciais nessa plataforma.
Essas medidas incidiram, também, sobre o inicio de leilões de operações cambiais a prazo, eliminação do licenciamento da maioria das operações cambiais e a dispensa da entrega de documentos justificativos para a compra de moeda estrangeira pelos particulares nas suas operações de invisíveis correntes.