O Irão anunciou este sábado, 10 de Abril, a entrada em funcionamento de novos reactores em centrais modernizadas que permitem enriquecer urânio mais rapidamente, cuja utilização foi proibida ao abrigo do acordo sobre o nuclear de 2015.
O Presidente iraniano Hassan Rohani inaugurou uma linha de 164 máquinas IR-6 e outra de 30 IR-5, instaladas no complexo nuclear de Natanz, no centro do país, durante uma cerimónia em videoconferência transmitida pelo canal televisivo estatal. Embora não tenham sido difundidas imagens dos equipamentos, engenheiros de bata branca a trabalharem em dupla, afirmaram ter recebido indicações de Rohani, que tinham começado a alimentar as máquinas com urânio gasoso.
Os anúncios acontecem numa altura em que decorrem discussões em Viena entre a República Islâmica e outros Estados participantes no acordo de 2015 (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia) sobre como reintegrar os Estados Unidos no pacto concluído na capital austríaca.
Este acordo está parado desde que os Estados Unidos decidiram sair de forma unilateral, em 2018, desencadeando uma série de sanções económicas e financeiras contra o Irão. Em resposta, Teerão começou a equipar-se com estes engenhos desde Maio de 2019 e o ritmo acelerou-se nos últimos meses.
Na sexta-feira, 9 de Abril, os Estados Unidos apresentaram ideias “muito sérias” a Teerão sobre como retomar o acordo nuclear iraniano durante as negociações em Viena, aguardando que a República Islâmica mostre a mesma “seriedade”.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, é a favor do regresso dos Estados Unido ao acordo de 2015, depois da sua retirada pelo seu antecessor Donald Trump, segundo o qual o Irão se comprometia a reduzir drasticamente as suas actividades nucleares em troca do alívio das sanções.
O Irão exigia que os Estados Unidos primeiro retirassem todas as sanções impostas por Trump, antes de retomarem as medidas de conformidade nuclear que foram tomadas como protesto à posição norte-americana.
O funcionário do governo de Joe Biden indicou que o principal obstáculo nas negociações iniciais não era a ordem de cumprimento, mas sim as sanções que estavam a ser debatidas, visto que o Irão exige o fim de todas as restrições impostas pelos Estados Unidos.
O chefe da delegação iraniana nas negociações, Abbas Araghchi, destacou a necessidade de “vontade política e seriedade das outras partes”. “Do contrário, não haverá razão para continuar as negociações”, afirmou Abbas Araghchi, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores iraniano.
As negociações entre os Estados Unidos e o Irão voltam a ser retomadas na próxima semana.