Mais de nove mil pessoas fugiram da vila de Palma, no norte de Moçambique, desde o ataque de grupos jihadistas, no dia 24 de Março, revelou o gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Quase metade dos deslocados que fugiram de localidade moçambicana na última semana são crianças.
“Pelo menos 9.158 pessoas – 45% das quais crianças – chegaram aos distritos de Nangade, Mueda, Montepuez e Pemba, de acordo com a última actualização da Organização Mundial para as Migrações”, afirma o OCHA, em comunicado divulgado esta sexta-feira.
Os ataques terroristas sobre as populações no norte de Moçambique já tinham, antes do ataque a Palma, obrigado quase 670 mil pessoas a fugir, contando-se entre elas 160 mil mulheres e adolescentes, 19 mil das quais grávidas.
Das pessoas que fugiram de Palma, 67% conseguiram ficar com famílias de acolhimento, que receberam os deslocados em casa.
O OCHA salienta que “a situação continua volátil e milhares de pessoas estão em movimento em busca de segurança e assistência”, depois de o movimento terrorista Daesh ter reivindicado, na segunda-feira passada, o controlo de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.
Em Pemba, capital da província de Cabo Delgado, foi montado um centro de recepção no porto e um centro de triagem num pavilhão desportivo. Os trabalhadores humanitários estão a distribuir alimentos aos deslocados, a montar instalações sanitárias e a encaminhar as pessoas que precisam de cuidados médicos mais urgentes.
Na terça-feira, o porta-voz do OCHA, Jens Laerke, disse à agência Lusa que a situação em Palma é “um horror absoluto infligido contra civis por um grupo armado não estatal”. “Fizeram coisas horríveis e continuam a fazê-las”, disse o responsável, frisando que os ataques continuarão a levar milhares de pessoas a fugir.
O OCHA afirma que há milhares de pessoas ainda a caminhar pela floresta para chegarem a locais seguros, e refere que um número ainda desconhecido de deslocados está em Quitunda, 15 quilómetros a sul de Palma.