O Ministério da Defesa anunciou a saída dos comandantes das três Forças Armadas: Exército, Marinha e Aeronáutica
É primeira vez desde 1985 que os comandantes das três Forças Armadas deixam o cargo ao mesmo tempo sem ser em troca de governo
O anúncio acontece um dia após o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ter deixado o cargo; Bolsonaro estaria insatisfeito com o afastamento das Forças Armadas do governo
O Ministério da Defesa anunciou, nesta terça-feira (30), a saída dos comandantes das três Forças Armadas: Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica).
“O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos”, diz trecho do comunicado oficial da pasta.
É primeira vez desde 1985 que os comandantes das três Forças Armadas deixam o cargo ao mesmo tempo sem ser em troca de governo.
No documento, o ministério não informou o motivo da saída dos três e também não anunciou os substitutos.
O anúncio acontece um dia após o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ter deixado o cargo. No lugar dele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já nomeou o general da reserva Walter Souza Braga Netto, que até então comandava a Casa Civil.
De acordo com a Defesa, a decisão foi comunicada em reunião com presença do Ministro da Defesa nomeado, Braga Neto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças.
Reação à saída de Azevedo e Silva
Na manhã desta terça (30), membros das Forças Armadas haviam se reunido para discutir se colocariam cargos à disposição do general Braga Netto, novo ministro da Defesa. A decisão dos comandantes é uma reação à saída de Azevedo e Silva.
Segundo o blog do jornalista Gerson Camarotti, no G1, a saída de Fernando Azevedo e Silva, nesta segunda (29), foi recebida com preocupação por integrantes da ativa e da reserva das Forças Armadas e como algo além de uma troca para acomodação de espaços no primeiro escalão do governo.
Um general da reserva afirmou ao colunista que enxergou o movimento como um sinal de que o presidente Jair Bolsonaro deseja ter maior influência política nos quartéis.
Bolsonaro insatisfeito com o afastamento das Forças Armadas
Nesta segunda-feira (29), o ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, anunciou que deixou o governo Bolsonaro, afirmando que sai “na certeza da missão cumprida”.
Apesar do anúncio de saída, Azevedo e Silva não justificou o motivo para deixar o Ministério da Defesa no governo. Ele foi anunciado por Bolsonaro ainda em 2018, durante o governo de transição. Antes de ser ministro, ele era assessor do então presidente ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.
Horas depois do anuncio da saída, no entanto, o jornal Folha de S. Paulo noticiou que Bolsonaro decidiu demitir o ministro da Defesa, porque estava insatisfeito com o afastamento do serviço ativo das Forças Armadas do governo.
Reforma ministerial
Pressionado pelo Congresso, o presidente Jair Bolsonaro fez nesta segunda-feira (29) a sua primeira reforma ministerial após mais de dois anos de governo. De uma única vez, fez seis mudanças em alguns dos seus principais ministérios e sacramentou a entrada do Centrão no Palácio do Planalto.
Em nota, a Presidência da República confirmou a nomeação da deputada Flávia Arruda (PL-DF) na Secretaria de Governo, responsável pela articulação política junto ao parlamento. Flávia é integrante do PL, comandado por Valdemar Costa Neto, um dos principais líderes do Centrão.