O primeiro-ministro francês, Jean Castex, avisou, esta terça-feira, que “chegou o momento de pensar em medidas para a região de Paris” e que “reconfinar ao fim-de-semana é uma hipótese”, como nas regiões de Nice, Dunquerque e Pas-de-Calais. Face à “terceira vaga” de Covid-19 e à suspensão na vacinação com a AstraZeneca, a decisão vai caber ao Presidente Emmanuel Macron.
O aviso foi deixado pelo primeiro-ministro francês, Jean Castex, esta terça-feira: “Estamos numa situação preocupante e crítica e, claramente, estão em cima da mesa medidas como as que tomámos noutras regiões”.
Em entrevista ao canal televisivo BFMTV, Jean Castex declarou que “chegou o momento de considerar medidas” para a região Île-de-France e admitiu, mesmo, que “medidas como as de Nice estão em cima da mesa”. Por outras palavras, “reconfinar ao fim-de-semana é uma hipótese”, como acontece nas regiões de Nice, Dunquerque e Pas-de-Calais.
A decisão vai caber ao Presidente Emmanuel Macron que, esta quarta-feira, se reúne com o seu Conselho de Defesa, um ano após o primeiro confinamento francês. Até agora, o chefe de Estado tem evitado esta opção graças à transferência de doentes da região de Paris para outras menos afectadas, ao cancelamento de operações não urgentes e à mobilização das clínicas privadas. Esta terça-feira, Emmanuel Macron reuniu-se com o Conselho Científico e falou também com responsáveis de cuidados intensivos em várias regiões sob pressão sanitária.
Em Île-de-France, a região de Paris, a incidência acumulada de covid-19 em sete dias subiu para 418 novos casos de contágio por cada 100 mil habitantes, muito acima do “alerta máximo” das autoridades sanitárias (250). Só nas últimas 24 horas foram 435 por cada 100 mil habitantes. Mais de um quarto dos doentes (1.177) estão hospitalizados em Île-de-France.
Os cuidados intensivos também estão quase saturados nas regiões Hauts-de-France e Provence Alpes-Côtes d’Azur. Esta terça-feira, 320 pessoas morreram de Covid-19 em França. Desde o início da pandemia, morreram no país 91.170 pessoas vítimas do novo coronavírus.
A “situação preocupante e crítica” acontece numa altura em que foi suspensa a toma da vacina da AstraZeneca em França e em vários países europeus. Antes de uma reunião extraordinária esta quinta-feira, a Agência Europeia do Medicamento afirmou ontem que está “firmemente convencida” das vantagens da vacina, apesar de problemas de coagulação detectados em alguns pessoas vacinadas.
O primeiro-ministro francês garantiu que se fará vacinar “muito rapidamente” quando voltar a ser autorizada a AstraZeneca que caracterizou como “útil, mesmo e sobretudo nas formas graves da doença”.
O governo tinha prometido, pelo menos, 10 milhões de primeiras doses de vacinas anti-Covid-19 até meados de Abril, 20 milhões até meados de Maio e 30 milhões até ao Verão, contando nomeadamente com a AstraZeneca. Nas mais de 5,2 milhões de primeiras doses administradas em França, 1,3 milhoes são da AstraZeneca, as outras são das vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna.
Esta quarta-feira, o director dos Hospitais de Paris, Martin Hirsch, declarou que e epidemia está a acelerar em Île-de-France e que se devem considerar duas hipóteses: um confinamento ao fim-de-semana, com “uma muito grande vigilância” durante a semana, ou um confinamento mais alargado.
“O vírus não está sob controlo, a incidência acumulada é superior a 400. Há tantos doentes nos cuidados intensivos hoje como no pico da segunda vaga (…) Estamos numa fase de aceleração”, afirmou o responsável em declarações à rádio RTL.