Hoje é 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.
Por mais de 100 anos, o Dia Internacional da Mulher celebra as conquistas das mulheres em todo o mundo.
Mas este ano, por causa da perda de empregos e do aumento do fardo de obrigações domésticas, as mulheres enfrentam uma situação económica deplorável.
De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho, globalmente as mulheres perderam mais emprego por causa da pandemia do que os homens. Cerca de 5% de mulheres, em 2020, perderam o trabalho, o que pode significar a perda de um emprego ou redução de horas de trabalho, em comparação com 3,9% dos homens.
“Em qualquer acontecimento neste mundo, a Mulher sofre a dupla violência”, disse, à VOA , Anchia Mulima, coordenadora da Lemusica, uma organização que apoia mulheres e raparigas em Manica, centro de Moçambique.
Disparidades
No decurso da pandemia, as Nações Unidas notaram as diferenças abismais no impacto da crise entre as mulheres em comparação com os homens.
“As desigualdades de género aumentaram de forma dramática, no ano passado, à medida que as mulheres carregam o fardo do encerramento de escolas e do trabalho doméstico”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
De acordo com a ONU Mulheres, em todo o mundo, 58% das mulheres trabalhadoras estão em “empregos informais” ou empregos sem muita regulamentação, e muitas vezes sem impostos ou benefícios. As mulheres também têm maior probabilidade de trabalhar nas indústrias mais afectadas pela pandemia, como hospitalidade e creches.
Nos Estados Unidos, as mulheres negras e latinas enfrentaram mais demissões em 2020 e viram ganhos mais reduzidos, nos últimos meses, do que as suas colegas brancas.
De acordo com dados do Bureau de Estatísticas Laborais (BLS) dos EUA, 8,9% das mulheres negras e 8,5% das mulheres latinas estavam desempregadas em Fevereiro – em comparação com 5,2% das mulheres brancas.
“É fácil fazermos declarações gerais de que a COVID-19 está afectar as mulheres trabalhadoras, mas está a afectar diferentes grupos de mulheres, desproporcionalmente”, disse, à VOA, Minda Harts, escritora e defensora das mulheres negras no local de trabalho.
“Hotelaria, lazer – algumas dessas indústrias têm uma concentração muito alta de mulheres negras e mistas. E assim, em 2020, percebemos que muitas dessas indústrias foram fortemente afectadas”, disse Harts.
Alternativas
Mesmo enfrentando desafios económicos, maior desemprego e o fardo dos cuidados infantis com o encerramento das escolas, as mulheres encontraram, em todo o mundo, maneiras de usar as suas habilidades e inspirar outras pessoas.
Nubia Rocío Gaona Cárdenas, uma agricultora na Colômbia, disse que ficou chocada ao ver ver mães lutando para alimentar os seus filhos na capital, Bogotá. Ela e o filho tiveram uma ideia.
“Meu filho me disse:‘ Mãe, vamos fazer algo produtivo. Alguns canais do YouTube…não ensinam nada, vamos ensiná-los a cultivar ou outra coisa. Vamos lher dar esperança’”, disse Cárdenas à VOA.
O seu canal no YouTube, lançado em abril de 2020, agora tem mais de 700 mil seguidores.
Em todo o mundo, mulheres que trabalham como costureiras atenderam ao aumento da demanda por máscaras faciais para conter a disseminação do coronavírus.
“Acreditamos que as mulheres são fortes e podem fazer uma mudança. Nós também temos habilidades e podemos trabalhar ao lado dos homens”, disse Niga Mohammed, costureira iraquiana.
Escolha o desafio
Com tanto trabalho transferido para funcionários remotos, Harts vê uma oportunidade para as indústrias diversificarem a sua força de trabalho.
“Eu acredito que haverá muito mais oportunidades para as mulheres negras e mistas trabalharem em empresas de alta tecnologia, empresas da lista Fortune 500, a partir de áreas rurais, ou de outras zonas, mas sem capacidade para se mudar para uma cidade grande ”, disse ela.
Mas, como os números do BLS indicam, essas mudanças podem demorar.
Este ano, o tema do Dia Internacional da Mulher é “Escolha o Desafio”.
“Um mundo desafiado é um mundo alerta. E do desafio vem a mudança ”, de acordo com o site do Dia Internacional da Mulher.
Para muitas mulheres em todo o mundo em meio à pandemia, o desafio imediato pode ser sobreviver economicamente.