Chefe de Estado mal informado sobre a proveniência de verbas para um hospital envolto em suspeitas de corrupção. Episódios similares, como as inverdades proferidas a partir do Parlamento, colocam em cena o SINSE. Qualidade da obra também gera dúvidas.
O Presidente da República, João Lourenço, deixou a província de Benguela, há sete dias, convicto de que o Hospital Municipal da Baía Farta foi financiado por empresários locais, que vão ter as “mãos limpas pelo apoio prestado ao Estado”, quando, na verdade, a obra resulta de fundos públicos, conforme os resultados de pesquisas feitas pelo Novo Jornal.
Lançada em 2011, um ano depois do concurso público vencido pela empresa Benguela Construções, a obra fez parte do programa de investimentos públicos (PIP), suportado pelo Orçamento Geral do Estado, tendo custado 721 milhões de kwanzas, sem o apetrechamento, que deve estar concluído daqui a um mês.
O Governo de Benguela, segundo fontes bem posicionadas, procedeu a pagamentos nos consulados do general Armando da Cruz Neto e do engenheiro Isaac dos Anjos, ambos ex-governadores provinciais.
Não se conhece a fonte da informação avançada pelo Presidente angolano, se o Governo Provincial ou os próprios empresários, mas João Lourenço é, se ainda existirem dúvidas, “desmentido”” pelo empreiteiro, que está, entretanto, associado a supostos esquemas de corrupção engendrados ao longo de 10 anos, o tempo de duração de uma empreitada projectada para não mais de 24 meses.
Ao sublinhar que às autoridades caberá apenas instalar o equipamento, partindo da ideia de que “”os empresários levantaram a infra-estrutura física””, o Chefe de Estado angolano deu azo a críticas de empreendedores subcontratados pela Benguela Construções, justamente para esse fim, para trabalhos de alvenaria.