27 C
Loanda
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Banco francês deixará de financiar empresas ligadas a desmatamento na Amazônia

PARTILHAR
FONTE:DW

Um dos maiores da Europa, BNP Paribas diz que também incentivará seus clientes a não produzirem ou comprarem carne bovina ou soja de áreas desmatadas no Cerrado.

O banco BNP Paribas, o maior da França, prometeu nesta segunda-feira (15/02) parar de financiar empresas que produzem ou compram carne bovina ou soja cultivadas em terras desmatadas ou convertidas depois de 2008 na Amazônia.

A instituição afirmou ainda que também “incentivará seus clientes a não produzirem ou comprarem carne bovina ou soja em terras desflorestadas ou convertidas […] posteriormente a 1º de janeiro de 2020” no Cerrado, de acordo com os padrões globais.

Segundo o BNP Paribas, a ausência de um mapeamento exaustivo das terras no Cerrado impede, por enquanto, que o banco vá além desse incentivo.

Além disso, a instituição afirmou que até 2025 solicitará aos seus clientes a rastreabilidade total dos setores de carne bovina e soja, financiando assim apenas os que adotarem uma estratégia de desmatamento zero.

“Instituições financeiras expostas ao setor agrícola no Brasil devem contribuir para essa luta contra o desmatamento. Esse é o caso do BNP Paribas”, disse o banco em comunicado.

Reações de ambientalistas
Organizações ambientalistas afirmaram que a declaração envia um forte sinal para as empresas que comercializam commodities na região, mas pressionaram por ações mais rápidas e firmes.

“O banco diz que só está pronto para incentivar, e não forçar, as empresas que atuam no Cerrado. […] As únicas medidas de exclusão imediatas aplicam-se às empresas que continuam a derrubar ou converter terras na Amazônia”, criticou a organização não governamental Reclaim Finance.

“Poucas empresas estão, portanto, preocupadas, visto que já existe uma moratória que estipula o fim do desflorestamento relacionado com a soja a partir de 2008 e é amplamente respeitada”, completou. A ONG também considerou a meta estipulada para o ano de 2025 “tarde demais”.

“O BNP Paribas está dando aos comerciantes mais cinco anos para derrubar florestas impunemente”, afirmou, por sua vez, a associação francesa Canopée – Forêts vivantes.

Desmatamento na Amazônia e no Cerrado
A soja e a carne bovina são dois dos maiores motores do desmatamento no mundo. O crescimento populacional e uma expansão rápida da classe média em países como a China estimularam uma explosão na demanda por soja e um aumento do consumo de carne e laticínios.

Cientistas alertam que a Floresta Amazônica, que se entende por nove países, está se dirigindo para uma espiral mortal à medida que o desmatamento acelera. Segundo a ONG Amazon Conservation Association, uma área do tamanho de Israel foi derrubada na Amazônia só em 2020.

Já em relação ao Cerrado, que cobre 20% do território brasileiro, metade do bioma já foi desmatado, o que o torna um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, denunciaram quatro organizações ambientalistas em uma declaração conjunta.

Bancos e o desmatamento
Na semana passada, uma investigação da organização não governamental Global Witness apontou que vários bancos franceses, em particular o BNP Paribas, respondem pelo financiamento de empresas agrícolas responsáveis pelo desmatamento no Brasil.

O banco disse à Global Witness que todos os seus clientes na Amazônia “foram certificados ou envolvidos num processo de certificação” para garantir que as suas práticas são responsáveis.

No mês passado, o BNP Paribas e outros credores europeus, como o banco holandês ING e o suíço Credit Suisse, se comprometeram a parar de financiar o comércio de petróleo bruto do Equador após pressão de ativistas com o objetivo de proteger a Amazônia.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Risco de apagão empurra o Brasil para o diesel enquanto a seca histórica na Amazônia piora

O governo do Brasil está a ligar centrais eléctricas a diesel para evitar apagões no meio de uma seca...

Equador decide proibir extração de petróleo na Amazônia

Os equatorianos decidiram através de consulta popular, pelo fim da exploração de um dos maiores campos de petróleo do...

Amazónia: Brasil acolhe a cimeira que pode salvar o planeta

A cidade brasileira de Belém acolhe, a partir desta terça-feira, a Cimeira da Amazónia. Trata-se de um encontro de...

Começa hoje a Cimeira para a proteção da Amazónia

A Cimeira da Amazónia convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa hoje, terça-feira, e vai...