O vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) alertou que o Estado não irá ganhar o conflito armado em Cabo Delgado, se a população for hostil às forças governamentais.
Falando num encontro nesta segunda-feira (15.02.) com militares destacados no distrito de Macomia, um dos atingidos pelos grupos armados na província nortenha de Cabo Delgado, o vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), Bertolino Capitine, afirmou: “Podemos ter canhões de último grito, mas se a população é hostil ao Estado moçambicano, não haverá vitórias”.
O oficial avançou que as FADM devem manter o empenho na erradicação do “terrorismo” em Cabo Delgado, assinalando, sem concretizar, que “o momento já chegou”.
“O momento já chegou para destruirmos os ‘contra- pátrias’, as condições já estão criadas, aquilo que nós precisávamos para fazer face ao terrorismo já recebemos”, enfatizou, sem especificar.
Honrar Eugénio Mussa
O vice-chefe do Estado-Maior General referiu que a derrota dos “terroristas” será uma forma de honrar o chefe do Estado-Maior General das FADM, Eugénio Mussa, que morreu há uma semana vítima de doença.
Eugénio Mussa disse em dezembro do ano passado que 2021 seria um “ano decisivo para resolver o pendente” em Cabo Delgado, derrotando os “contra-pátria”.
A referência do vice-chefe do Estado-Maior General à necessidade de as FADM manterem relações saudáveis com a população dos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado ganha importância num contexto em que as forças governamentais têm sido acusadas de cometer abusos contra civis, atraindo a antipatia das comunidades na região.
A violência armada na província nortenha de Moçambique, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.
Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019.