Dois dos sete concorrentes à gestão do maior mercado informal da província de Benguela impugnaram o resultado do concurso público alegadamente ganho pela companhia Loog Act2 Lda., criada depois da rescisão do contrato entre a Administração Municipal de Benguela e a anterior gestora, a Trans Maya.
A data de criação da empresa vencedora, ainda à espera de registo em Diário da República (RD), é a principal fonte de suspeições de tráfico de influência no concurso.
A empresa “O País da Vontade”, uma das concorrentes, continua à espera do resultado de um protesto movido por supostas irregularidades, mas a coordenação do concurso público apresenta já um vencedor.
O seu responsável aguarda pelo momento oportuno para prestar declarações, enquanto outras fontes dizem acreditar que a Look ACT2 tenha sido criada apenas por apetência pela receita de 15 milhões de kwanzas/mês, num exercício com cobertura de governantes.
Jurista Chipilica Eduardo sugere uma intervenção da Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar o caso
‘’Não se deve criar uma empresa com o propósito único de participar no concurso, põe em causa a transparência”, disse o jurista para quem “é necessário sabermos quem são as pessoas directa e indirectamente ligadas à empresa, que nem sequer tem histórico’’.
Chipilica acrescenta haver ‘’indícios de ‘jogo escuro’, que pedem uma intervenção da PGR’’.
A empresa vencedora vai colocar no tesouro nacional cinco milhões de kwanzas/mês, ficando com lucros de 10 milhões, também para obras de requalificação do mercado nos próximos três anos, conforme reza o contrato.
O presidente da Comissão de Avaliação, Gabriel Avelino, evitou falar na questão dos números, ainda que perante a insistência dos jornalistas, afirmando que “a expectativa é maior transparência, queremos contribuir para o desenvolvimento de Angola’’.
O empresário Hangulo Américo, sócio de Costa Alfeu na Look ACT2, preferiu não abordar o assunto.
O Serviço de Investigação Criminal (SIC), que esteve na instrução do processo-crime relativo ao antigo administrador, Carlos Guardado, estima em cerca de 900 milhões de kwanzas o valor desviado da praça nos últimos 10 anos.