Com ambição, foco e fé, o 1º de Agosto trocou o texto das crónicas do capítulo 80 do clássico dos clássicos do futebol angolano ao derrotar o Petro de Luanda por 1-0, domingo, no Estádio Nacional 11 de Novembro, na partida de cartaz da nona jornada do Girabola’2020/21.
Um cruzamento teleguiado de Buá, solicitado por Paizo, na execução de arremesso lateral, permitiu a Mabululu cabecear para o golo solitário que acabou por premiar o estoicismo dos tetra-campeões, depois do embaraço que se seguiu ao jogo frente aos sul-africanos do Kaizer Chiefs, nas Afrotaças. A incerteza do “clássico da pandemia” trouxe um vencedor improvável.
A resposta do 1º de Agosto à proposta de jogo autoritário do Petro de Luanda, na etapa inicial, foi a nota de destaque da produção das equipas até o árbitro Bernardo Nangolo apitar para o intervalo. O público ávido de bola desfrutou de momentos de futebol intenso, apesar da falta de esclarecimento dos jogadores em alguns lances.
Tidos como menos capazes, pelo hiato de um mês sem competição, devido ao cumprimento de quarentena institucional e do período solicitado para a recuperação dos índices físicos e atléticos, os militares aguentaram a pressão dos petrolíferos, lançados numa estratégia de criar vantagem ainda na alvorada da partida, e à passagem do quarto de hora chamaram a si o comando dos acontecimentos, com investidas constantes junto da baliza à guarda de Dominique.
O tridente de médios liderados por Mário Balbúrdia, talento forjado nas escolas dos rubro e negros, que dá mostras de maturidade para assumir responsabilidades competitivas, superiorizou-se à parelha dos tricolores. Macaia e Herenilson, estreante como adversário da ex-equipa numa partida oficial, ajudaram a limitar as movimentações de Além e Manguxi.
A mudança do futebol longo, a privilegiar acções mais elaboradas, com passes curtos e lançamentos no espaço entre linhas, permitiram aos detentores do título do Girabola amansar o arqui-rival, obrigado a aceitar a contra-proposta virada para uma toada de maior equilíbrio, mais consentânea com os pergaminhos dos emblemas.
O empate sem golos no primeiro tempo, pontuado por um momento de “nota artística” do hondurenho Moya, sobre o ghanense Musah, superado com um drible adornado, que levou a bola a passar por entre as pernas. Na resposta, Piscas foi o artista de serviço dos homens do Catetão.
Parada e resposta
O regresso dos balneários revelou uma espécie prolongado da toada dominante da primeira parte. A bola passou a rondar os dois meios campos, com constantes acelerações de ritmo, sempre num registo de ligeiro ascendente dos militares, muito focados no controlo da condição física.
A entrada de Buá, um fantasista confesso, fez luz no momento de projecção ofensiva do 1º de Agosto. A bola gosta dos artistas, razão pela qual Mabululu passou a ter razões para procurar espaço na área, entre os centrais do Petro, líder que acusou o toque e consentiu o assomo competitivo do adversário.
Um lance em cada uma das partes, os petrolíferos queixaram-se de dois penalties não assinalados, por corte com a mão de Bobó. No entanto, pela produção das equipas, o líder isolado do campeonato esteve longe da vivacidade que tem sustentado o desfile futebolístico suportado por exibições de gala e vitórias robustas.