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Terça-feira, Novembro 26, 2024

Conheça Maria Pongue, a jovem angolana que lidera uma incubadora da ONU no Brasil

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Maria Pongue cresceu ouvindo o pai falar como era importante estudar fora do país. Quando terminou o ensino secundário em Angola ela foi para o Brasil fazer a sua faculdade. Em 2019 concluiu o curso de gestão ambiental na UNINTER e agora está à espera do seu diploma de engenharia química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Este ano ela termina a especialização em engenharia ambiental na UniBF e também conclui o seu MBA executivo em liderança e coaching. Em entrevista à Voz da América, Pongue comentou a sua experiência de morar e trabalhar no Brasil, além de abordar os desafios no que toca a liderança feminina no estrangeiro.

Maria trabalha e estuda em Florianópolis, Santa Catarina, e ao longo da sua trajectória universitária participou de vários eventos e se destacou. Hoje ela é presidente da JCI-Florianópolis, uma incubadora da ONU, também parceira do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Organização Pan-Americana da Saúde (PAHO).

“A JCI é uma organização jovem que trabalha com o público jovem através da liderança, empreendedorismo, diplomacia e muitos outros projectos que nós enxergamos a necessidade na comunidade e com o associativismo. Nós trazemos à tona soluções sustentáveis de modo que possamos impactar a nossa sociedade”.

No seu dia a dia Maria Pongue enfrenta vários desafios que vão desde a língua portuguesa, a cultura e a educação. Embora angolanos e brasileiros falem a mesma língua, há bastante diferença nas expressões, o que pode dificultar a compreensão.

“O Brasil é um país de muita diversidade racial, mas ainda assim encontramos certos preconceitos. Então, ser negra e estrangeira já é um desafio”.

E acrescentou: “As pessoas aceitarem serem lideradas por uma pessoa que não é da cidade, que não é do país, e que é negra por cima. Por ter uma educação e uma cultura diferente da que eu encontrei, é um desafio e tanto!”

No entanto, a líder da JCI Brasil-Florianópolis está pronta para lidar com qualquer desafio que venha no seu caminho.

Segundo dados da pesquisa “Atitudes Globais pela Igualdade de Gênero” publicada em 2019 pela Ipsos, três em cada 10 pessoas no Brasil admitem que se sentem desconfortáveis em ter uma mulher como chefe. A resistência a mulheres líderes é maior entre os homens chegando a 31 por cento deles, enquanto delas é de 24 por cento.

“É incrível como o mundo acaba enxergando a mulher sendo líder como algo novo, como um tabu, como se fosse algo que a gente nunca viu. Na história antiga nós víamos histórias de mulheres valentes que já assumiam cargos de liderança. É parte da nossa história como mulheres líderes que o mundo tenta esquecer. Os homens, principalmente falando, não deveriam nos olhar assim como se nós tivéssemos a querer ocupar o seu espaço, como se nós quiséssemos lutar para tirar eles da liderança”.

Entre as mulheres que Pongue admira, estão a chancelar alemã Angela Merkel, a ex-secretaria de Estado Condoleeza Rice, a empresária Isabel dos Santos, a ex-primeira dama Michelle Obama e a empresária Oprah Winfrey.

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