Depois da anulação do concurso público para a admissão de novos professores na província angolana do Bengo, por causa de corrupção, citadinos pedem responsabilização dos infratores.
Foi por via da ministra da Educação que o Governo angolano tornou pública a informação sobre a anulação do concurso de professores. Na ocasião, Luísa Grilo reconheceu ter havido graves irregularidades, razão pela qual se determinou a anulação do concurso.
A governante explicou que, em alguns casos, podem até configurar crime e que o dossiêr está na posse da Procuradoria-Geral da República (PGR). Os candidatos apontam algumas das irregularidades no processo.
“Assediaram candidatos para colaborarem”
“As pessoas que formaram o júri do mesmo concurso, assediaram os candidatos em função de colaboração. Não especificaram o preço, mas foram fazendo ligação no sentido que tinham que colaborar”, denuncia Silvestre José.
Já Manuel António revela o seguinte: “Podemos constatar que houve candidatos que tiveram notas como 2, 3, 4 valores e foram admitidos. Isto é uma plena injustiça e estamos descontentes com isso”.
Alguns candidatos também puseram em causa a lista provisória, na qual não foi possível verem as suas notas. Mesmo na lista definitiva, muitos não conseguiram ver os resultados finais. Estes professores “exigem justiça e transparência”.
O silêncio do PGR
O jurista angolano, Hermenegildo Alves, entende que ninguém deve sair impune deste processo.
“Tem de haver uma responsabilização destes agentes. Estamos perante atos ilícitos, que devem ser responsabilizados e o fator temporal aqui fala mais alto. Penso que já faz tempo do PGR pronunciar-se acerca deste processo.”
De lá para cá, aguarda-se pela responsabilização dos infratores. A procuradora titular no Bengo, Carla Correia, avança que o processo decorre em segredo de justiça.
“Está a correr em instrução preparatória um processo-crime contra o coletivo de júris e alguns candidatos”, diz.